Diário da Islândia #5 | Golden Circle
Local de Partida: Reykjavik, Islândia
Local de Chegada: Horgsland, Islândia
No quarto dia chegou a hora de deixar a área mais urbana e rumar aos encantos naturais da Islândia, fazendo parte daquilo a que se chama a Golden Tour. Ao trilhar novas estradas percebíamos a cada minuto mais o encanto desse país, só enquanto íamos do ponto A ao ponto B.
O tempo estava bom, mas a neve ainda pintava grande parte da paisagem, pelo que saltámos uma parte do plano que incluía a visita às Reykjalador Hot Springs. Uma lagoa termal natural, mas um pouco inacessível, que incluía uma boa caminhada por percursos desconhecidos na neve. Apesar do tempo estar bom, começava a falar-se de uma grande tempestade que aí vinha e o Trip Advisor falava de duas horas para ir e mais duas para voltar, o que nos tomava uma boa parte do dia.
A primeira paragem foi Kerid, a Cratera vulcânica, que na maior parte das fotos do Google verão como tendo um círculo de água azul leitoso, mas nós vimos assim:
Como expliquei saltámos Reykjaladir e substituímos essa lagoa termal pela Secret Lagoon. Cujo uso também é pago, mas é um sítio um nadinha menos turístico do que a Blue Lagoon, onde tínhamos adorado estar de molho. Pelo caminho, avistámos CAVALINHOS. E perdi a cabeça.
Não estavam propriamente à beira da estrada, mas eram tão bonitos, enquadrados numa paisagem tão inesquecível, que o Moço parou o carro e tirou fotos ao longe, enquanto eu fui andar uns 200 metros a enterrar as botas na neve para chegar ao arame farpado que guardava os cavalinhos. Valeu a pena. Tirei muitas selfies com o branquito e conversei um pouco com todos eles, a agradecer a simpatia, como uma verdadeira chanfrada.
A tal da Secret Lagoon, mesmo assim, tinha mais gente do que o esperado, mas uma vista linda diferente da Blue. E era mais quente ainda. Aliás, em determinadas zonas tinha avisos, porque pôr lá o pézinho, numas zonas de água ali mesmo ao lado, era mesmo sinónimo de esfolar a pele - estava a mais de 100º. Quando pensarem nestes cenários idílicos, ignorem sempre que há um forte cheiro a enxofre no ar.
Fomos ver o Geysir - Strokkur, a seguir. Não o vimos a explodir a grande altura - porque não temos a paciência dos chineses para esperar ali por horas) mas vimos o fenómeno natural por umas duas vezes (a água fervilhante sobe a cada 7-15 minutos). Fenomenal mesmo era a sopa de cordeiro do Geysir Center (no Glima, do lado da estrada oposto ao Geysir). Vem com pão com manteiga e permite refill - pedimos uma para cada um, mas podíamos bem ter abusado do refill para comer os dois e pagar só uma...
O próximo ponto de visita (muito perto dali) é de uma magnitude que não se explica em palavras, nem se traduz em fotos ou vídeos. Nevava, a paisagem era toda branca, e a sequência de cascatas que compõem Gulfoss, equiparada às Niagara Falls, mas que cai ainda com mais força, é inexplicavelmente poderosa. Vemos as cascatas de cima e no horizonte, assim todo alvo, quase conseguimos ver os White Walkers a aparecer (mas são turistas). Não fosse o frio, tinha tirado a luva para dar uma chapada à turista a quem ouvi a frase "já fotografaste isto?" para uma colega de viagem. Quando a pergunta correta teria sido: já viste isto?
Já disse que nevava?
Depois voltámos uns quilómetros atrás para chegar ao nosso alojamento, porque o que visitámos nesse dia era um pouco a dirigir-se para o centro da ilha e a seguir íamos mais para Sul. Todo o percurso se acomodou muito bem num dia - notem que a velocidade máxima é de 90km/h e mesmo essa velocidade furiosa é só se estiver tempo impecável.
A Skyr Guesthouse foi um dos sítios mais bonitos onde ficámos, com uma decoração cheia de bom gosto - até o WC partilhado era apetecível, mas mesmo assim eu mandava o Moço ir bater à porta antes de eu o usar. Quisemos comer no restaurante dos mesmos donos que fica no edifício anexo (e que serve de receção), sabendo que era um pouco caro, porque queríamos falar com os anfitriões. É que nesse momento já havia por todo o lado avisos de alerta de tempestade com trejeitos de furacão para o dia seguinte. Pouco habituados a esse tipo de tempo e muito avisados para não arriscar quando os sites de estradas e meteorologia davam tais indicações, tentámos pedir um late checkout para ficarmos no hotel um pouco mais enquanto a tempestade passava. Recebemos um não como resposta e ainda pagámos caro para comer mal - o cordeiro era bom, mas pouco, a sopa de lagosta só sabia a natas.
Portanto era efetivamente a nossa última noite. Restava saber se em Horgsland, ou no mundo...
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