E do nevoeiro vem D.Sebastião
Ainda só lhe vejo a silhueta. O nevoeiro parece menos espesso, menos sufocante. Será sensação apenas?
Espada em punho, lá vem ele. Virá de azul ou de verde? Terá perdido a máscara que compunha a armadura? Estará o escudo partido?
Já ouço a multidão a aplaudir, a bradar aos céus de contentamento. Vai ficar tudo bem, D.Sebastião voltou.
Hei-de dar-lhe uma palmadinha nas costas, dizer obrigada. Tanto tempo perdido e conseguiu regressar. Mais que isso: quis regressar.
Há que explicar-lhe que farmácia já não se escreve com ph, arranjar um telemóvel ao homem: ó rapaz, qual é o tarifário mais barato agora? Tanta coisa mudou enquanto ele foi e veio.
Será mesmo ele que emerge ali do nevoeiro?
Podem ser afinal só os olhos turvos de lágrimas que me iludem e me fazem ver coisas onde não estão.
Pode não ser ainda o homem. Mas é definitivamente a esperança que aí vem.