Escolher o lado bom da vida.
Vou num passeio com uns quatro (4, IV, four, quatre) metros de largura. Vou a escrevinhar no telemóvel, mas atenta. Reparo que vem um senhora a andar em direção a mim (ou eu a ela) e desvio-me para a esquerda ou para a direita - isso das direções é que é mais complicado para mim. Por coincidência ela desviou-se para o mesmo lado e tivemos de parar meio segundo. Sorri para ela, teve graça. Só que não. Ela abriu os braços carrancudos, como quem diz "sua anormal, andas ao telemóvel e obrigas-me a fazer o bailinho da Madeira para passar". Porque eu até adivinho para que lado ela se ia desviar, ou se calhar devia ter feito o pisca. Ela lá passou e eu só fiquei a pensar como a vida é feita de escolhas. Ela até podia não ter tempo, mas uma curva ascendente nos lábios não demora um centésimo de segundo. Não demora mais que a brusquidão da asa aberta. E ela também podia ter escolhido sorrir.