Estará a gargalhada em vias de extinção?
Tanta alarido, manifestação, eventos de facebook, em prol dos bisontes roxos ou linces de pinta triangular (ou outros animais em vias de extinção) e ninguém vem em defesa do riso?
Mais, da gargalhada!
Daquela que vem e fica tanto tempo que nos esquecemos o que era afinal tão engraçado. O riso que transborda em lágrimas de cascata e faz doer muito a barriga. Que começa estridente, pega com espasmos e acaba numa careta contraída e silenciosa. Que nos põe no chão a rebolar, mas nenhum ROFTL consegue transmitir. Que fica ali suspenso ainda durante uns minutos depois da última gargalhada e nos faz largar outra vez a rir com uma simples troca de olhar com um cúmplice de riso. Que faz o meu pai olhar para mim, muito sério, com ar "já chega, não"?
Avencemos com soluções, mobilizemos a população. Vamos abrir os sorrisos tímidos, converter as lábios caídos em curvas positivas, às vezes fingir alegria na esperança de nos contagiarmos - a nós e a outros. Vamos partilhar anedotas, imagens do (não) pescoço do Marco Horácio, o vídeo da queda aparatosa da tia Adelaide (que graças a Deus não se aleijou). Vamos rir por tudo e por nada em busca da gargalhada perfeita e profunda, prazer inexplicável, olhos brilhantes, caras feias, felicidade apesar de tudo, naquele momento puro e completo em que tudo mais se apaga.
Juntem-se a mim. Partilhai por esses blogs e facebooks afora a hashtag #progargalhada e provoquem-na. Proliferem-na. Empurre-na para a vida das pessoas. Não matem a gargalhada, ressuscitam-na, salvem-na. E aos bisontes roxos também, claro.