Este blog não é sobre livros #20 - A Guerra Aqui Tão Perto
Este livro começa como uma fotografia com a abertura de diafragma no máximo. Sabem quando o fundo da imagem é uma mancha de cores quase indistinta porque talvez não interesse? Foca-se na vida e nas experiências de duas jovens - a Margot e Haruko, que vivem uma amizade improvável, num contexto improvável. E é aos poucos que o fundo da imagem se vai tornando mais nítido e a foto fica completa com a revelação desse contexto. A história não é só sobre elas. A história é sobre a visão delas num mundo que parece de faz-de-conta, mas é bem real. Onde as famílias são postas numa casa de bonecas, mas não é porque alguém está a brincar, é porque alguém está em guerra.
Gosto de conhecer perspetivas novas. E a perspectiva da Segunda Grande Guerra nos Estados Unidos da América, para as famílias originárias do Japão e da Alemanha foi completamente nova para mim.
Tantas vezes acusamos os norte-americanos de não saberem distinguir Paris de Praga - é tudo ali do outro lado do mar, num sítio velho chamado Europa, e afinal somos nós (era eu) que não sabemos tanto sobre o que se passou lá, historicamente.
A história das duas jovens é crucial, próxima, terna e tensa (adorei a revelação final). Mas o que mais gostei foi precisamente de expandir os meus horizontes, com os factos baseados na realidade.
Não se fiquem pela minha palavra, leiam as primeiras páginas aqui e digam-me se ficaram com vontade de mais.