Este blog não é sobre livros #6: A Incrível Viagem de Arthur Pepper
Este livro não é nada do que pensei. Quando lhe vi a capa, o nome, a descrição, decidi que tinha de o ler. Apetecia-me entrar naquele mundo de fantasia. A sinopse fala-nos de um senhor que ficou viúvo e tem as suas rotinas (todos os dias acorda às sete e meia, rega a planta Frederica, bebe chá a horas certas). Até ao dia em que encontra uma pulseira de berloques que era da sua mulher e começa à procura do significado de cada pendente, descobrindo muitas coisas acerca da sua companheira - e também, acrescento, acerca de si próprio.
Dizia eu que o livro não era nada do que pensei. É que a história, embora criativa, não tem a fantasia que eu pensava. Não tem portais para viajar no tempo, dragões ou plantas falantes. É simples, muito mais simples. É nossa, muito mais nossa. A história do velho Arthur, da sua mulher e das pessoas com quem ambos se cruzam podia ser tua ou minha (tirando talvez o episódio dos tigres). Tal como cada susto, cada medo, cada insegurança, cada pedra no sapato, cada aventura, cada vestido de noiva pendurado numa cerejeira (depois percebem) - cada berloque na pulseira.
As histórias simples são as que nos dizem mais. As que nos fazem refletir e sorrir e arrepender, talvez fazer um telefonema sem esperar mais. As que nos ensinam a apreciar as coisas verdadeiramente importantes da vida e não esperar por unicórnios dourados. Emocionei-me com o Arthur e os seus filhos e a sua luta com a memória da mulher. Odiei uma personagem que não creio que devesse odiar - o Arthur não o quereria. Senti o livro.
Simples não é mau. Não pode ter sido, porque não tinha nenhuma pressa em ler o livro e ele escorregou-me facilmente e acabou em poucos dias. Fez-me pensar inconscientemente: como estará o Arthur agora? E o Arhur não existe. É uma personagem.
Não gostei do fim, porque me vi dentro daquelas vidas e também tive uma opinião que era contrária à opinião da escritora. Não vos digo mais que não quero estragar a experiência a quem ler.
Experimentem ler as primeiras páginas aqui, para ver se se encantam com o início desta história, como eu comecei por encantar-me erradamente, pela capa e depois, de uma maneira completamente diferente e certa, por cada capítulo.
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