Faz um ano e trocos.
Foi no dia 16 que a minha vida se mudou para norte. Este blog ressentiu-se, parte da família e dos amigos ressentiram-se, nós ressentimo-nos. O tempo que já era curto afinal tinha capacidade de encolher ainda mais. E as estradas que ao início pareciam curtas (ah, a viagem faz-se tão bem!), são mais longas a cada viagem (excepto quando descubro no Spotify uma nova banda sonora da Disney em português). E ainda assim olho para trás, para o que me lembro e parece tão distante, e acho que somos todos mais felizes. Que há pessoas que vemos quase o mesmo número de vezes e pessoas com quem simplesmente valorizamos mais os minutos e as palavras trocadas. Que outros também mudaram, mesmo que não tenha sido geograficamente e a vida de qualquer forma também lhes tirou o tempo para nós. Houve pessoas que a vida filtrou. Eu e o Moço já habituados a tentar fazer muitas capelinhas quando vivíamos a sul, continuámos a fazer isso, mas ganhámos muito mais tempo para nós. Às vezes a distância que nos obriga a dizer que não aos outros, transforma o tempo que estávamos dispostos a partilhar em tempo só nosso. Sim, a nossa qualidade de vida subiu - parecia mito ou otimismo dizer isto ao início, mas é verdade. Temos mais tempo a dois, mesmo trabalhando muito e viajando muito, vivemos mais fora de casa e vemos a praia todos os dias, mais o pôr do sol no mar sempre que quisermos. Jantar fora ficou mais em conta e nem por isso pior (não sei se já vos falei das costelinhas do Papagaio). Temos uma casinha mais simples, mas maior, com espaço para as nossas tralhas e para o nosso futuro. E, apesar de tudo o que desejava que fosse diferente, como se as mudanças pudessem ter só prós e nenhuns contras, se tenho escrito menos é porque, em boa verdade, tenho vivido mais.