Final alternativo: A Bela e o Monstro
Vocês sabem que eu sou uma miúda pragmática. Não gosto de histórias mal contadas nem de enganar as crianças.
A versão original é isto:
A Bela é uma moça da aldeia que não se integra bem na comunidade: sempre de nariz metido nos livros, um pai que é um inventor falhado. Só o menino bonito da cidade, Gastón, parece admirá-la pela sua beleza: quer até casar, assim ela deixasse. O seu pai é raptado e vai para as masmorras do Monstro. Ela sacrifica-se e troca de lugar com ele. O Monstro é afinal um príncipe que por ter mau feitio foi amaldiçoado por uma bruxa. A não ser que provasse ter coração até ao cair da última pétala de uma rosa que lhe deixou (e gostava de saber em que florista a comprou que aquilo dura anos a fio) ficaria em modo Tony Ramos para sempre. Mas a Bela é tão fofinha que lhe aquece o peito e o faz ter coração. Entre outras aventuras e desventuras, perde-se o serviço de cozinha, pois a criadagem volta a ficar em modo humano, mas ganha-se um príncipe que descobriu a paixão. Foram felizes para sempre - claro.
A história resume-se mais ou menos assim. Mas aquilo, mesmo para conto de fadas (o meu favorito, aliás), é muito pouco realista. Ele fica bonzinho só porque ela é linda e carinhosa, mas...não somos todas? E quantos bad boys já viram a converter-se? Exato.
Portanto eis o meu fim, dentro do género, mas com toques de realismo, para ninguém andar aí ao engano:
Portanto, a Bela fica em cativeiro no lugar do pai. Começa a ganhar confiança com o Pantufa, e até lhe dá um banho com champô anti-pulgas - parte do seu mau feito era, afinal, comichão crónica. A rosa morre depressa, como é normal para uma rosa que não é de plástico e o Monstro pode até não se voltar a tornar príncipe, mas aprende a sentar-se, rebolar, fazer-se de morto, e outras pequenas coisas que o tornam mais acomodado à condição de ser peludo e lhe valem um biscoito de vez em quando. A Bela compra assim a sua gratidão e deixa de ser vítima, para se tornar a gestora oficial do palácio, organizando diversos eventos (festas de aniversário, casamento, jantares de empresa) que são um sucesso e trazem rendimento aceitável para sustentar o modo devida luxuoso que levam. Casa com o Gastón que não tendo também o melhor feitio do mundo, é um homem à séria, que a aquece à noite, e por entre os defeitos dos dois (ela meio intelectualóide, ele meio egocêntrico) arranjam um lugar comum para o amor. Ele tira um curso de fotografia e entra no negócio dos eventos. O pai da Bela continua a viver do subsídio por invalidez (ai aquele problema mental) e nunca chega a mudar-se para o palácio porque o Gastón não vai muito à bola com o sogro e vice-versa. E viveram às vezes mais felizes e outras menos para sempre.