Maria vai ao Ginásio III
Portanto, herdei a inscrição da minha irmã em Fevereiro. No Sábado passado pus os pés no ginásio pela terceira vez. A julgar pela experiência bem podem passar mais três meses sem lá pôr as unhas e entretanto acaba o período de fidelização. Fui a uma aula de cycling.
Eu devia ter desconfiado quando o Moço me disse para irmos à aula e como parte do discurso de motivação proferiu as seguintes palavras: se te sentires mal, não pares, é melhor pedalares devagar.
Eu tinha ouvido coisas divergentes sobre estas aulas de cycling. Há pessoas que dizem que é a morte em pedais e uma amiga em particular diz que é a sua aula favorita e não custa nada (apesar de se cansar sempre a subir as escadas do meu prédio), pelo que depreendo que ela não faz a aula corretamente. Estava preparada para tudo, mas sabia que o meu orgulho não me ia permitir desistir a meio, pelo que levava um olho a tremelicar.
Eu percebi que a coisa ia correr mal logo quando estávamos de senha na mão, à espera de entrar na aula e havia uns rapazinhos a bater couro às meninas que iam para a aula, que estavam lá mais para a socialização que para o exercício. Mas mesmo empenhados na atividade esgotante que é a corte, nem por sombras consideravam ir à aula. Entretanto já passavam uns minutos da hora da aula e o instrutor não chegava. Perguntei ao Moço se havia toque de feriado e aí podíamos ir embora, mas ele disse que não era assim que funcionava.
Depois, quando efetivamente o instrutor chegou e entrou na sala sem acender as luzes pedi ao Moço que me confirmasse, por favor, que não íamos fazer uma aula a meia-luz, como se fosse um restaurante romântico. Devia ter comparando com uma discoteca. A música altíssima, daquela tipo txicabum e as luzes coloridas (juro). O instrutor no seu palco reduzido de microfone na boca a debitar frases motivacionais "vamos lá" e "última volta". MENTIROSO. Nunca era a última volta.
Eu até tinha previsto a parte da canseira, mas não tinha previsto que o pior sacríficio não seria rolar de pé, mas o puro e simples exercício de me sentar no selim. Ainda hoje me dói o rabo. E quando o instrutor repetia as frases que na terra dele deviam soar bem, mas na minha cabeça soavam a "sua fraca, se não consegues, vai-te embora daqui" eu juro que pedalava mais depressa só numa tentativa de arrancar a bicicleta do sítio e lhe passar por cima.
Eu era claramente a iniciada. A fila da frente com as meninas todas orgulhosas, de costas direitas e rabo empinado:
E eu, com uma tal de dor de rabo que já estava toda torcida e que só queria ver a morte de foice na mão a levar-me:
Era suposto a aula ser de 50 minutos, mas creio que durou três vidas e um quarto. Quando acabou o instrutor pôs-se à porta a cumprimentar quem ia saindo com uma espécie de high five. Deve ter um fetiche por mãos suadas, só pode. Saí dali para o balneário rapidamente, juro que não demorei nada, mas quando lá cheguei - PUMBAS - já estão quatro ou cinco gajas todas nuas a abanicar- a púbis. Juro que já se deviam ir a despir pelo caminho, só pode. E pronto, foi isto. Pelo que oiço dizer, com a continuação deixa de custar tanto. Nunca saberei. É que nunca mais ponho lá os pés. Ou melhor, o rabo.
Maria vai ao Ginásio I - As reclamações da "primeira vez"
Maria vai ao Ginásio II - Quando vocês me lixaram
Maria vai ao Ginásio IV - Dance Local?...