Meus, teus, nossos, vossos
Eu e o Moço tentamos não fazer distinção entre os nossos amigos. Obviamente há alturas em que facilita dizer "os teus amigos" ou "os meus amigos" e sabemos bem de quem estamos a falar. À exceção de um caso único, os meus só são dele por minha causa e os dele só são meus por causa dele.
É diferente de quem diz "a tua família". Pretende-se que isto seja uma relação saudável onde somos todos membros de um clã gigante e indistinto e a família não é "minha" nem "tua" é "nossa", o que é especialmente aplicável quando se tratam de heranças gordas e especialmente embaraçoso quando se tenta dizer a que família pertence afinal o tio que se despe no casamento. Certinho como a morte é que na prática a família é quase toda de um ou de outro, e só um bocadinho dos dois (embora em casos variados se desejasse que não fosse de nenhum). Com os amigos a coisa já é, como dizia, diferente. Não são de sangue a nenhum dos dois, excetuando pactos parvos feitos com x-ato no fundo da sala da aula de matemática, e a coisa bem feita até acabam por ser nossos em partes perto de iguais.
Sem distinguir, mas já distinguindo: este post é sobre os amigos dele.
Os amigos dele por quem eu faria tudo da mesma forma que faria pelos meus, a quem eu não me importo de ouvir as mágoas e aconselhar, com que gosto de partilhar gargalhadas, cochichar maldicências, dividir momentos, puxar para ao pé de mim, a quem gosto de insultar e elogiar e ser franca, como com os meus. Danço em todos os seus casamentos, darei colo (e prendas sentidas) aos seus filhos, embarcarei em viagens com eles e, quando o momento assim o exigir, choro com eles, mesmo no choro sem lágrimas que é o meu.
Agora vejam: se os amigos dele são meus e vocês que me lêem são meus amigos e amigo do meu amigo, meu amigo é, por favor, sejam simpáticos. Estes amigos também são vossos.