Não há nada pior que um blogger a falar do seu blog III
O Moço insiste muito comigo que conte a determinadas pessoas "da nossa vida real" que tenho um blog. Quem sabe foi descobrindo e assim eu nem me importo. Contar, por outro lado, custa-me. Não é que não me orgulhe deste canto pequeno, insignificante para muitos, significativo para mim, mas confesso que tenho vergonha. É mesmo isso, sem tirar nem pôr. Tenho vergonha de chegar ao pé de alguém e dizer, como se fosse alguma coisa de especial: tenho um blog. Para mais estando na idade e inserida em grupos de amigos em que se a novidade não for: finalmente vou casar ou estou grávida, ninguém quer muito saber. Nunca calha em conversa. Os blogs não calham em conversa. O blog era só meu e passou a ser de mais amigos que o foram lendo e percebendo que era eu. Para além disso passou a ser lido por muito mais gente. Tomou uma dimensão que, apesar de modesta, já tem impacto na minha vida - sem que eu esperasse isso de todo -, e é injusto que algumas pessoas próximas não saibam que ele existe ou quem o escreve. Percebo isso. Só que agora já passaram dois anos e aquilo que era um exercício de escrita pessoal sem relevância para mais ninguém tomou dimensão de segredo (sem querer) para os amigos que não sabem. Continua a não ser tão importante. Não é doença, não é profissão, já nem é novidade. Mas também não devia ser tabu. Gostava que soubessem, sem haver um momento em que ficam a saber. É que eu não contei porque não importava e agora que importa tenho vergonha de contar. Afinal como é que se conta uma coisa que é tanto e tão pouco?