Nos bastidores.
Diz-me o moço que deveria dar-me bem no teatro. Quando pergunto porquê explica-me que tenho a capacidade de não estar lá muito bem, mas fazer que sim e rir-me com os outros. Chama-me fingida, portanto, mas é um fingimento bem intencionado, em que não pretendo arrastar ninguém para uma espiral de maleitas que não lhes pertencem. Fingir faz bem. Quando temos de nos mostrar bem, até nos esquecemos que não nos apetecia rir. De repente o silêncio da nossa cabeça é toda uma conversa de viva voz.
E não me importo que achem que brinco demais (numa sobre-compensação da vontade de nem sequer brincar). Que me vejam como exagerada, orgulhosa, egocêntrica e levemente abusada. Afinal sou isso tudo. Só não o sou exclusivamente. Portanto, soem as pancadas de Molière - não é espetáculo, mas vai começar.