O blogger anónimo está em vias de extinção
Ninguém abre os olhos para esta causa. Ninguém cria uma linha de apoio. Ninguém marca blogger anónimos na consignação de solidariedade do IRS. Mas a luta é real.
O blogger anónimo não pode ganhar uns trocos pintando os beiços com a nova gama de maquilhagem ou os óculos de sol da Vitom, porque não pode mostrar a cara.
O blogger anónimo só tira fotos de costas, o que é uma fortuna em calças, que nunca podem estar coçadas no rabo.
O blogger anónimo vive incompleto por não poder usar o filtro de orelhinhas de cão nos Stories, que é revelador de identidade.
O blogger anónimo não pode ir a eventos da Boticário (e não é só porque não foi convidado!).
O blogger anónimo nem pode ser levado para cativeiro no zoológico para preservação da espécie, porque ninguém pagaria para ver uma figura com uma máscara de emoji a tapar a cara.
Face a todas estas dificuldades, muitos optam pelo caminho da fronha a descoberto. Os efeitos são nefastos. E não falo de olhar para pessoas feias, porque hoje em dia toda a gente sabe que não se usam sacos de plástico para comprar fruta e a beleza está no interior. Mas o grau de realidade cai a pique. Toda a gente sabe como é mais fácil a prática de dizer-o-que-vai-na-telha quando ninguém sabe bem quem fala. Os comentadores anónimos que o digam. Há muito hater com nome que também é elefantezinho em loja de cristal, mas os anónimos gostam mesmo de partir a louça até ao último caco.
A vós, resistentes do anonimato na web, um conselho para a vida: mesmo sob a capota, nunca devem escrever nada que o vosso pai ou o vosso chefe não pudessem ler.