O candelabro mágico
Há uma luta entre mim e a família chegada do Moço. Podia calhar pior, ter a ver com heranças, feitios, ou o desejo deles terem uma nora mais tradicional, capaz de lhe massajar os pés ao fim de um dia de trabalho - o lenço na cabeça, de quem esfregou a casa de uma ponta à outra, como faz todos os dias enquanto embala os miúdos e prepara o caldo de feijão.
Tem a ver com um candeeiro. O candeeiro que o moço e os pais ostentam ao centro da sala de família e insistem ser mais quente que a "lareira" (é um recuperador de calor, a gás, mas vamos chamar lareira para facilitar). Já lhes expliquei que não, que já lá estive em Invernos e garanto que nunca senti mais conforto sentada debaixo do candeeiro de que a ser borralheira, ao pé do lume (mesmo que seja um lume fechado e artificial em que não podemos pôr castanhas a assar enquanto a divisão aquece).
Um dia rendo-me e digo que sim. Proponho que o pessoal do ar condicionado e dos aquecedores (que anda a estúpido e não vê a solução à frente da cara - ou no teto) comece a explorar o negócio das lâmpadas apenas. Mesmo as pessoas nas suas casas, meio baratas tontas, compram ventiladores barulhentos a 9€ na Worten para lhes aquecer os pés, quando podiam só acender o candeeiro da escrivaninha.
E era isto. Vou-me agora. Alguém me ligou e o telemóvel está a piscar. Vou aproveitar para nele aquecer as mãos.