O Espera-Maridos
O xailinho de malha larga que levo aos ombros foi a minha avó que mo fez. Guardou-o no meu enxoval até ao dia que mudei de casa para morar com o Moço. Reparem que não mo deu enquanto morei sozinha, apesar de eventualmente o Moço também se ter mudado para lá comigo. Deu-mo quando arranjámos os dois a nossa casa atual. Disse-me que era um espera-maridos. Para as mulheres se aconchegarem um pouco enquanto o marido não vinha da pinga ou da lavra. Não me casei, mas ela esperou pelo momento certo para mo dar.
Quando as temperaturas começaram a descer fui buscá-lo à gaveta dos pijamas, onde o guardo, ao fundo. Sabe bem, quando não há tanto calor que se precisa de mais uma camada, mas já faz falta um aconchego aos ombros. Sentei-me no sofá ao pé do Moço (por quem efetivamente espero muitas vezes) e perguntei-lhe se sabia que aquilo era um espera-maridos, com um tom terno, de quem vai contar exatamente o que vos contei. Diz ele, com ar gozão:
- É agora...isso é um xaile de avó!!
Pronto, não me chateei porque também é efetivamente um xaile. Que efetivamente é usado por pessoas de idade - está para vir a tendência para as mai'novas outra vez quando a primeira blogger IN publicar uma foto de xaile. Mas depois fui ao Google pesquisar por espera-maridos e percebi a desilusão dele. Além dos xailes e de alguns doces assim chamados, há toda uma categoria têxtil de espera-maridos com a qual ele talvez ficasse mais entusiasmado...