O flagelo das datas redondas.
Ou: será que 2016 nunca mais acaba?
O presente ano festeja 30 sobre a magnífica colheira de 1986 "onde moram" a maior parte dos nossos amigos chegados (e os não tão chegados). Onde moro eu também e o Moço. E é uma pressão desgraçada. Estar presente no aniversário de todos os amigos já é complicado num ano normal em que nem todos querem festejar, então imaginem num ano destes onde todos querem fazer uma festinha especial - ou quando não querem, os respetivos conjuges, amigos, familiares sentem-se pressionados a preparar supresas. Nunca pensei ser daquelas pessoas que temem os 40 (ou seja que idade for). Mas se os 30 são isto, daqui a dez anos a festa repete-se em modo mais gordo e eu, com outra década em cima, terei ainda menos paciência para palhaços coloridos e menos criatividades para me multiplicar em mensagens fofinhas para a ocasião (escritas, em vídeo ou grafitadas num mural de prédio).
É um problema sério. Já olho para os emails e mensagens que começam com "Este ano é uma data especial..." com o mesmo entusiasmo que aqueles de spam que começam com "Quero deixar-lhe a minha herança..." ou anúncios do Vaporeto Titanium. E é injusto porque quem fez os 30 no início desta vaga ainda levou com os meus sorrisos entuasiamados e o meu empenho total e agora já é mais uma espécie de "palminhas para ti, fazemos todos anos ciclicamente, sim?.
Assim sendo proponho-vos que abaixo assinem pelo fim da ditadura das datas redondas. Que se celebrem os 24 com o mesmo fulgor dos 30. ou os 57 com o mesmo fulgor dos 40. Ou vice-versa. Que cada ano seja especial de acordo com a vivencia própria e não pelo sistema numérico adotado no país. Da minha parte vou tentar criar um calendário da próxima década, em que cada amigo escolhe um ano para fazer "a" grande festa. Um deles vai ter surpresas aos 31, outro vai ter vídeos com mensagens aos 32, e por aí adiante - e já agora em datas em que eu possa sempre estar presente sem desiludir ninguém - e assim distribuimos o entusiasmo e eu não chego a Setembro com este espírito de mula...