O Justiceiro do Estacionamento
O estacionamento lá na rua é parco e o pessoal safa-se como pode. Há uma espécie de acordo implícito entre a população e a polícia (que passa lá bastantes vezes): desde que os carros não estejam a impedir entrada e saída de viaturas, nem a prejudicar a acessibilidade de todos às respetivas casas e contanto que haja espaço suficiente no passeio para qualquer um passar (muito à larga, por exemplo: 4 pessoas de mãos dadas, vá), ninguém chateia ninguém por usar lugares criativos. Criatividade, compreensão e educação. Que bairro pacífico, onde todos viviam felizes e com os carros pacificamente imobilizados.
No entanto mudou-se para lá agora o Super-Estacionador, guarda auto-nomeado dos lugares do bairro e ruas em geral. Marca a saída da garagem dele com pinos, muito a tender para a largueza, como se lá arrumasse um camião TIR (ou dois, geminados) e não um veículo normal. Se um carro, que estacione atrás ou à frente da sua passagem estiver dois milímetros dentro da sua zona delimitada (deixando espaço apenas para um-camião-e-meio) conseguimos ver a 1km de distância as chamas do seu olhar furibundo e ouvir as suas ameaças "AO PRÓXIMO QUE DEIXAR AQUI O CARRO, FURO-LHE OS PNEUS".
E diz o Moço, com a calma que o caracteriza:
- Mas se furar os pneus ao dono, não fica aqui com o carro a estorvar-lhe mais tempo?