O problema dos novos Youtubers
Eu nunca me deixei apanhar pelo fenómeno Youtube, confesso. Sei de muito boa gente que se entretem a ver vídeos de enfiada. Começa com algo pertinente como "como escamar peixe" e acaba com o vídeo de um gato a roubar comida a um bebé, ou cabras a entoar a banda sonora do Game of Thrones em loop. Eu vejo sobretudo trailers de filmes ou um tutorial específico - e mesmo assim, se der para ler o tutorial em vez de o ver: prefiro. Ah! E tenho um vídeo de emergência. Sabem quando os haters começam a chatear muito o Nuno Markl e ele põe a foto de uma ponta da carpete para acalmar as hostes? Quando eu e a minha irmã entramos em stress, este vídeo é a nossa ponta da carpete:
No entanto o Youtube é um fenómeno inegável e fonte de riqueza para uns sacanas com excelente timing e sentido de entretenimento. Bloggers de moda, diários virtuais, pessoal que se grava a jogar PC ou consola, pais que tiveram sorte e apanhar os seus catraios num momento chave (como o homem que ficou zigimilionário ao publicar este video dos filhos) - há uma coisa que a maior parte destes canais de sucesso tiveram, que fez com que as pessoas os começassem a seguir: a naturalidade. Os vídeos estavam longe de serem profissionais, de terem guiões (muito estudados) ou efeitos psicadélicos. Hoje em dia, esses mesmos Youtubers evoluiram e já têm algumas dessas coisas - até porque não querem perder o seu quinhão e têm de se aperfeiçoar, mas fazem-no como uma progressão natural das coisas.
E depois há os novos-Youtubers. Os que sabem que é um canal que "dá" e forçam a entrada do blog (por exemplo) nesse mundo. Nada contra. Nunca pensei em fazer Youtube porque acho que aguento que me critiquem a gramática mas não o nariz, mas até já pensei em fazer uns podcasts pseudo-engraçados. Só que, dizia eu, esses novos-Youtubers começam logo de uma forma tão profissional, tão estudada, com entradas bem produzidas, banda sonora própria e textos limados, que perdem a tal naturalidade que acho que é o segredo dos outros. Gostamos (quem gosta) dos vídeos porque nos sentimos a entrar no mundo das pessoas de uma forma diferente. Mas se fosse para ver uma grande produção estaríamos no Netflix e não num canal com uma série de vídeos amadores. Digo eu. Talvez seja mesmo só mariquice minha. Mas, mesmo sem acompanhar a sério nenhum Youtuber, continuo a preferir ver o vídeo de um com o quarto desarrumado atrás do que um croma. Manias minhas.