O que é o amor?
Em 2015 foi esta uma das expressões mais pesquisadas em português. O que é o amor.
Como se o Google estivesse habilitado a falar de coisas que só se sentem. Ou fazer-nos chegar a algum texto que seja mais que palavras formadas por letras, formadas por traços, formadas por pontos minúsculos, pixels incapazes de conter o significado necessário. Como se alguma definição, qualquer fogo que arde sem se ver, pudesse explicar o que não tem explicação. O amor é isso: mais que palavras.
Como se houvesse gestos que denunciassem, identificadores sem confusão, ações que expressam inconfundivelmente o mais nobre dos sentimentos. O amor é isso: mais que ações.
Como se houvesse uma fórmula de troca, como no início do mercantilismo. Se eu te der isto e tu me deres aquilo e divirmos o outro, sem reembolso nem devolução a 30 dias, é amor? Não é, nem pode ser. Nada se exige ou pede ou espera, simplesmente está lá. Dá-se porque não se consegue guardar, recebe-se de braços abertos. Sem obrigação. Sem limites. Sem contar. O amor é isso: mais que partilha.
Como se pudessemos pesquisar o amor sem pesquisar sobre saúde e dinheiro e coisas práticas como o que é o jantar. Fingir, como dizia o outro, que o amor é uma coisa e a vida é outra - mas não é. O amor também é decidir quem descasca as batatas. O amor é isso: mais que um sentimento.
Como se se pudesse traçar com um marcador, pintar dentro do risco. Este desenho agora contém o sentimento e se ficarmos sempre cá dentro, seremos felizes. Só que não. O amor é isso: mais que perfeição.
O amor é isso: mais que tudo.