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Jun16
Os Santos que não marcham
Maria das Palavras
A minha primeira experiência nos santos populares de Lisboa foi o ponto de partida que determinou o tom para todas as outras: era uma sexta-feira 13, comemos pouco e fomos muito apertados, acabou comigo a ficar presa no elevador do prédio às seis da manhã e uma sirene de bombeiros a acordar a vizinhança toda.
O problema nem são as sardinhas a preço de ouro e sem a qualidade a que uma pessoa originária de Leiria, ali a um passinho da Nazaré e das suas peixeiras das sete saias, está habituada. O problema é que toda a população de Lisboa acha que cabe ali naqueles talvez 2 km quadrados, quando durante o resto do ano, é preciso um distrito inteiro para as albergar.
Não me interpretem mal, um aperto bem dado lá calha bem, mas apalpões de estranhos sujos com molho de sardinha, enquanto se sobe a Bica já dispenso. Uma música popularucha anima o espírito e sou capaz de largar a brejeira que há em mim e ensaiar um passo de dança, mas é preciso que consiga dar pelo menos meia roda sem cair em cima da senhora das farturas.
Ainda assim, todos os anos me convencem a revisitar esta experiência. Parece-me que as outras pessoas também não gostam de ir aos Santos, mas não admitem: então tentam levar toda a gente para não sofrerem sozinhas. Ou será uma questão de se rodearem de amigos para não serem apalpados por estranhos? Qualquer coisa deste género...
Ainda assim, todos os anos me convencem a revisitar esta experiência. Parece-me que as outras pessoas também não gostam de ir aos Santos, mas não admitem: então tentam levar toda a gente para não sofrerem sozinhas. Ou será uma questão de se rodearem de amigos para não serem apalpados por estranhos? Qualquer coisa deste género...
Eu, que sou alfacinha emprestada há mais de dez anos e venero esta cidade que é Lisboa, assumo que esta parte bairrista que desce a Graça e desfila na Avenida, para mim não marcha. E nem me ponham a falar dos casamentos de Santo António...