Caçadoras de Sonhos #4
"No outro dia sonhei que estava a atravessar uma ponte infinita. Dum lado, ovos moles, do outro livros. Por mais que me esticasse não chegava nem a um nem a outro. E por mais que andasse não chegava ao fim para poder sair da ponte..."
Querida Magda,
o teu sonho chega-me com a transparência das águas de Sesimbra, nos dias bons, em que a poluição humana não chega à costa. Muitos serão induzidos em erro: dirão que a ponte é metáfora de desejo inalcançável, em toda a sua extensão: uma gula infindável, uma sede de ler incurável. Uma luta interior constante. Fosse tudo tão simples.
Façamos pois o breakdown:
A ponte infinita: As viagens temperadas a atrasos e greves da Soflusa que nunca mais acabam. Desejas que haja um meio mais fácil de atravessar as margens do Tejo diariamente. Tudo aponta para aulas de natação sincronizada como solução: ganhar à vontade com a aguinha, resistência física e graça no esbracejar. Ao fim de uns tempos serás um autêntico professor Marcelo a banhar-se no Tejo e não precisas de barcos, nem pontes para chegar a Lisboa.
Os ovos moles: aqui a palavra chave é ovos. O desejo latente de ver um filme do Adam Sandler (que tem a cara em forma de ovo, como sabemos). Como tem de ser um filme docinho (daí os ovos moles e não só qualquer coisa que meta a forma de ovo) sugiro o clássico romântico "A minha namorada tem amnésia".
Os livros: O livro inalcançavel não são os 37546 que já leste nem os 987102381263 que irás ler - muitos dos quais aguardam a vez, ansiosos, nas prateleiras da tua mansão. Mas o livro que não escreveste. O que não é de crónicas, nem de ficção, mas que relata, vaidoso, a história completa e abrilhantada do amor que deu origem a ti. Aguardo com impaciência.
Revendo: Aulas de natação para não mais dependeres da Soflusa, alugar filme, escrever A história.
Um bem-haja, cara amiga.
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Leiam outra análise a este mesmo sonho no blog E agora? Sei lá!
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