Pessoas nossas
Na vida, há quem passe e há quem fique. Tem pouco a ver com tempo ou geografia. Tem pouco a ver com ADN partilhado. Tem tudo a ver com identificação. Momentos criados, alegrias comuns, dores divididas, gargalhadas em crescendo, objetivo paralelos (mesmo que não se cruzem), feitios que combinam (mesmo que não se pareçam).
São as pessoas com que conversamos tão bem que nem faz mal que se façam longos silêncios. Pessoas onde temos sempre o nosso lugar bem marcado, como na almofada meio afundada do sofá de casa que nos conhece a forma. Pessoas parece-que-estivemos-juntas-ontem, mesmo que tenham passado meses sem trocar uma palavra.
Pessoas nossas, de pertença mútua, sem contrato, mas inquestionável. Laço que não desata, vidro que não quebra, papel que não rasga, pessoas que não se separam. Parece tudo impossível e, no entanto, tantos anos depois, cá estamos nós.