“Prefiro trabalhar com homens.”
Quem nunca disse isto que atire a primeira pedra, homens e mulheres. Ou quem nunca dissertou como os locais de trabalho recheados de mulheres são mais propícios a dar problema – não de performance, mas em ambiente.
Falava-se sobre isto por entre um grupo de amigos, ao almoço, e foi conversa que já ouvi (com concordância mais ou menos generalizada) em vários outros grupos de amigos e colegas. Depois, alguém partilhou o link de uma notícia sobre como em processos de recrutamento as mulheres são preteridas, com o comentário (dele): “sobre o que falámos ao almoço”.
E a minha primeira reação foi: Hein?! Não foi nada sobre isto que falámos ao almoço. Isto põe em causa a competência das mulheres. As mulheres são tão ou mais competentes que os homens no mundo de trabalho e não devem nunca ser inferiorizadas ou menos bem pagas (que são, com grande injustiça).
E depois caí em mim. Percebi que estava a querer distinguir uma coisa da mesma coisa. Percebi que a conversa do “prefiro trabalhar com homens” é o início do problema e é tido tanto por homens, como por mulheres, tanto na base como na chefia, do lado do recrutamento e do lado dos que são recrutados. É tida pelas mesmas pessoas (mulheres) que censuram a diferença nas condições dadas num e noutro sexo. E resulta na realidade que vivemos. A conversa aparentemente inocente sobre preferências de colegas por causa de características generalizadas (é verdade que homens e mulheres são diferentes e ainda bem) é parte integrante, senão mesmo dominante do problema.
A partir de agora, quando alguém disser que é mais fácil trabalhar com homens do que mulheres, respondo o que deveria ter respondido sempre (e que é a verdade): depende dos homens e depende das mulheres. E depende se o que interessa mais é que haja um mexerico no tempo de intervalo ou que haja produtividade no tempo de trabalho.