Que estranho é o amor
Inconcebível mesmo. Perto do ridículo. Inaceitável.
Pois então passamos toda uma vida a conhecer pessoas novas. Algumas dão-nos a vida e aquecem-nos os Natais. São a família. Com outras temos anos de cumplicidade e tanto em comum. São os nossos amigos. Há aquelas com quem passamos horas a fio, mais do que com qualquer outra alminha, os únicos que percebem o drama de muitas das nossas horas. São os colegas. Outras inspiram-nos de forma ímpar e fazem-nos desejar ser tal e qual assim. São os autores e as personagens dos nossos livros.
E um dia chega uma pessoa diferente. Não passou o Natal conosco, não nos viu crescer, não estudou conosco para o exame mais difícil, nunca foi chamado à atenção pela besta do chefe, não é autor nem personagem uma obra prima. Não somos nós e de repente é tudo o que nós somos.