Samuel Úria, o meu cupido.
O Moço e eu como "nós" era coisa para ter um mês quando comecei a pensar o que raio lhe podia dar pelo aniversário. Teria de ser memorável. Ou bem que a coisa corria bem e era o primeiro presente, que ficaria para a história, ou bem que a coisa corria mal e seria aquela namorada que nenhuma outra sirigaita conseguiu superar (ao nivel das prendas).
O Moço é músico e tarado por música. E é daquelas pessoas capazes de criar paixões platónicas por artistas verdadeiramente inspiradores. Uma das suas paixões platónicas é Manel Cruz, ex-Ornatos Violeta. Outra é Samuel Úria e todo o seu [na altura] novo disco, acabado de sair do forno, chamado "O Grande Medo do Pequeno Mundo". E havia nesse disco uma poção mágica: uma música que combinava os génios e as vozes de ambos e que o Moço me tinha feito ouvir já duas mil vezes em poucas semanas. Eu gostava. Muito. Não só porque é aquela altura da relação em que até a pimenta que faz o outro espirrar nos parece ouro de 24 quilates, mas porque é uma música verdadeiramente bonita, com uma letra verdadeiramente bonita - vocês sabem que eu sou das palavras.
Foi assim que a dúvida do primeiro presente se desfez na minha cabeça. O CD era a parte óbvia. Os bilhetes para o próximo concerto a parte especial. O autógrafo do Samuel, que me tinha proposto a conseguir, custasse o que custasse, a cereja em cima do bolo. Não custou muito. O Samuel Úria é todo sem tiques de estrela, embora seja uma. Respondeu-me rapidamente por mensagem de Facebook e marcámos encontro à porta de um hotel para ele me assinar o CD.
À hora marcada lá fui. E lá estive. Mas o Samuel nunca apareceu. O telemóvel calado (ele tinha o meu número, mas eu não tinha o dele). Esperei tanto quanto pude e me permitiu a vergonha - o segurança do hotel deve ter considerado chamar a polícia por haver uma miúda - eu - a montar acampamento na entrada.
Passado um tempo, já refeita da desfeita, volto a falar com o Samuel e...fico a perceber o que se passou. Querem adivinhar? Eu estive à espera numa das portas do hotel. Ele esteve na outra. Cada um a secar do seu lado, até à exaustão. E ele a mandar SMS para o meu número...que eu tinha digitado mal quando lhe dei. Lá conseguimos marcar novo encontro, numa hora de almoço que ele tinha agendada com outras pessoas. Interrompeu a refeição de propósito para me dar duas palavras e três frases no álbum (ou mais, nos dois casos) e ainda fez questão de me mostrar as SMS que me tinha de facto enviado (para um número que não era, afinal, o meu).
A reação do Moço ao receber o presente? Não se pode descrever com palavras. Mas ainda hoje este "Lenço Enxuto" é "aquela" música. Obrigada padrinho, Samuel.
[Isto tudo é para dizer que hoje vamos voltar a ver o Samuel Úria, no palco do São Luiz, a apresentar o seu novo trabalho: Carga de Ombro. E atenção, minhas gentes a norte, a seguir vai ao Porto.]