Sobre a cabeleireira de Domingo
Eu sabia que em casa me safava melhor (ou pelo menos mais a meu gosto), mas a cunhada queria ir esticar o cabelo e não a quis deixar ir sozinha para um salão de terrinha. Parecendo que não, pode ser mais perigoso que a Buraca à noite. As línguas das mulheres conseguem ser bem mais afiadas que as navalhas de muito vilipendiador.
Como confessei no Facebook ia receosa também pelo resultado. Da última vez que tinha ido a um cabeleireiro desconhecido pentear-me para um casamento tinha saído a parecer uma estrela porno dos anos 80. Antes disso já tinha saído uma vez do salão a parecer que me tinha lambido uma vaca - eu já tenho o cabelo com tendência para a oleosidade, ela deve ter pensado: olha vai já com aspeto oleoso daqui, que assim não piora ao longo do dia. Assim sendo, dos últimos dez casamentos a que fui, em oito penteei-me eu e fui bem mais feliz.
Tenho uma política de julgamento de cabeleireiras que reza assim: diz-me como te penteeias e dir-te-ei quem és. E ela estava sobejamente despenteada para não me reforçar os níveis de confiança - apesar de ter ela própria um batizado nessa tarde. Nada prometia. Pelo que decidi simplificar muito. Nada de penteados. Lavar e secar. Mas em vez de esticar direitinho, pedi que me ondulasse ligeiramente o cabelo, para dar volume.
De forma que quando a cabeleireira acabou o serviço e me perguntou se eu achava que tinha volume demais, eu disse com o lábio a tremer: o cabelo depois baixa. Mas só me ocorria uma palavra.
Manjerico.