Já não publico descobertas do mês desde Junho de 2019 e abafei o caso de ter dito que em 2020 ia fazer uma experiência nova por mês e falar dela, como se o Covid tivesse a culpa - a minha preguiça é que teve. Vou tentar não colocar nada muito óbvio, ou que já tenha falado muito aqui. E tudo daquelas coisa que recomendo a toda a gente e que acho que me vão acompanhar por muitos anos. Preparem o screenshot.
Jogo PS4: Marooners
Joguei online com a minha irmã para matar saudades dela e muitas vezes com o Moço. É um joguinho de PS4 tipo party game, fácil, dá para nível naba de PlayStation e muito divertido. Pro tip: joguem no modo Chaos.
Livro: Balada para Sophie
Podia jurar que o meu livro favorito do ano ia ser o aguardado "Enigma do Quarto 622" quando a 12 de Dezembro peguei nesta obra de arte de Filipe Melo e Juan Cavia. Banda desenhada, ainda por cima! Mas é um livro de mestre, da ilustração ao argumento, passando pela música (sim existe mesmo a balada). Só não vai ser um dos vossos livros favoritos se não o lerem.
Jogo de telemóvel: Home Design
Acho que já não me viciava num jogo de telemóvel desde o Snake do Nokia 3310. Todo o santo dia - há meses a fio - vou decorar uma casinha ou pelo menos recolher os sacanas dos diamantes que estão sempre a faltar para "comprar" quadros e vasos de flores. O meu conselho é que não experimentem. Nem as minhas idas à casa de banho são tão regulares. É da Covet Design e gratuito, pelo menos para Android.
Série: This is Us
Eu sei que cheguei atrasada à festa do This is Us e devia antes mencionar a Mrs Maisel ou outra mais original. Mas sei que esta é a série que vi este ano que mais me emocionou e que vai durar enquanto favorita. Portanto fica o conselho para as 3 pessoas no mundo que ainda não tenham visto. Dá na Fox Life, mas as primeiras temporadas estão na Amazon Prime.
Podcast: Não Inviabilize
Não só este foi o ano em que ouvi mais podcasts, como descobri que os meus favoritos são brasileiros. O meu vício atual é o Calcinha Larga (sobre sexo e maternidade) mas a minha descoberta favorita para qualquer pessoa é mesmo o Não Inviabilize que conta histórias reais de amor, terror e outras que chegam até eles. Há cada uma que até parecem duas, para usar bom português. E no fim, as pessoas que ouvem podem comentar/aconselhar as pessoas que expõem a história num grupo de Telegram.
Experimentem ouvir este, por exemplo, e vejam se não é de rir (ou chorar):
Chá: Lemon & Lime Cold Brew
Acho que neste momento me dissessem que só podia beber uma coisa até ao fim da vida era este chá frio. Fico com muita pena da Coca Cola, mas este dá para fingir que é água também. Juntem-lhe um pauzinho de canela e sejam felizes.
Comida: Bolo de Mexerica (aka Laranja)
Eu nem sou de fazer bolos - sou mais de comer. Mas este resulta na perfeição e sabe tãaaao bem (quem me ensinou foi uma das poucas Youtubers que ainda tolero ver, a par da Lu Ferreira, agora que me passou a febre do Youtube). Ajuda o facto do bolo ter cerca de uma tonelada de açúcar, mas convenhamos, se a ideia é fazer dieta não vale a pena converter em bolo, comam logo as laranjas. Ou, vá, este de aveia e banana.
Passei a usar fatos de treino. Voltei a trabalhar quase integralmente em casa, coisa que tanto adoro. Passei menos horas na estrada e mais fins-de-semana em casa sossegada, mas foi preciso uma pandemia para isso. O meu maior medo não foi o Covid19. Tive saudades das pessoas, sendo que saudades é coisa que normalmente não uso. Não tive, no entanto, saudades de festas de aniversários e jantares de Natal com 675 pessoas em que ninguém realmente conversa com ninguém. Só mesmo dos amigos individualmente. Um a um, dois a dois. Contam-se pelos dedos as vezes que entrei em shoppings e supermercados e também fico bem sem nunca mais voltar, fazendo tudo online. Já não fico tão bem sem ir ao cinema - ontem encontrei o bilhete do Knives Out que vimos no dia 1 do 1 de 2020. Fiz mais chamadas e video-chamadas que no resto dos meus 34 anos e mesmo assim foram menos do que vocês, aposto. Li 42 livros, em vez dos 24 a que me tinha proposta e acho que o ano não acaba sem mais um, pelo menos. O meu favorito é um livro de banda desenhada, coisa que nunca pensei. Lavei latas de atum com lixívia e passei a descalçar-me para entrar em casa. Assumi que preferia apanhar covid do que não ter ajuda para limpar a casa. Voltei a ver o Livro da Selva. Fui promovida apesar de ainda sentir que nada sei. Juntei pessoas à equipa em ano de despedimentos. Até Março comi muito fora, depois cozinhei muito e descobri o meu bolo de laranja favorito, agora não quero fazer nada na cozinha. Comi talvez 50 vezes (talvez mais) a carbonara do Moço. Não tive o clássico (para mim) salame de chocolate no Natal, mas tive a minha avó. Em Fevereiro não fiz uma grande viagem porque "não dava jeito" - nunca mais deu jeito. Fui à Suiça, ao destino de voo mais barato, quando ainda se podia. Foi caríssimo para 3 dias e não me arrependo nada. Toda a gente fez mais exercício em casa e para sair de casa, mas eu tornei-me mais ainda uma batata e continuo a ser atleta do reviramento de olhos, única e exclusivamente. Cheguei ao fim de ano com aparelho e receita para óculos, voltei ao sétimo ano. O Moço adotou uma planta a que chamo Cátia e já durou mais do que qualquer vaso de salsa que eu tenha comprado. Trabalhei em 3 divisões da casa, sem contar a varanda. Uso batom mesmo em casa ou para sair de máscara, mesmo que ninguém veja. Tive a melhor notícia do ano - não é isso, seus chatos da porra. Não enviei mensagens de boas festas - quem é que querem enganar? Fui a uma despedida de solteira, sem que houvesse casamento. Trabalhei que nem uma moura e o trabalho tornou-se tão importante que nem me lembro que mais era importante. Apontei para mudar isso e não mudei. Escrevi menos do que devia, pela minha saúde mental. De falar não gosto. Escrevi um conto sobre a quarentena que ninguém leu - nem eu reli. Comecei a ouvir podcasts que nem uma louca. Joguei Home Design quase todos os dias desde que baixei a aplicação. Sinto que foi um ano perdido e isso não teve nada a ver com o coronavírus, mais com a minha inércia. Acredito com a certeza dos mais tolos que 2021 vai ser diferente, para melhor, só porque eu estou disposta que assim seja.
Fiquem a saber como foi a nossa louca passagem de ano, que define o tom do próximo ano (quiçá, da próxima década!). Além disso preciso mesmo que ouçam, porque promessas foram feitas e serão vocês a testemunhar para que sejam cumpridas!
Espero que no decorrer da audição, não vos choque a notícia da mudança que a nossa relação provavelmente vai sofrer para acomodarmos descendência. A minha e do Moço. Que a minha com vocês será assim para sempre: tu-cá-tu-lá. E não mete ordinarices.
Carreguem PLAY abaixo, ouçam no spotify, ou aqui no castbox (sem precisarem de instalar nada).
"Não sou corajosa; apenas fiquei sem todas as outras opções."
Esta foi a minha citação favorita do livro. Quando acabei de ler o Inseparável, deparei-me com as primeiras páginas deste De Sete em Sete (podem clicar na capa para ver detalhes). E vi nele uma das coisas que mais me cativou no outro: o tom da menina que nos fala (o autor que nos fala com voz de criança). Ao ler mais deparei-me com outras semelhanças - pura coincidência: o gosto das duas pela cor vermelha, os caracóis indomáveis. As duas são crianças fora do comum, com um incidente de vida fora do comum.
A capa é uma boa metáfora da estória: a menina rema contra a maré. A menina de uma inteligência fora do vulgar vê-se numa situação fora do vulgar. A menina perde a vida como a conhece quando perde os pais e deixa mesmo de contar de sete em sete - depois perceberão. A improbabilidade da situação em que se encontra é flagrante e ao mesmo tempo...ela consegue calculá-la.
É um livro incrivelmente simples com uma mensagem poderosa, que se lê como se barra manteiga no verão. Não damos pelas páginas a passar, porque é a Willow Chance que vai passando por nós. Ela e as outras personagens, todas de personalidades diferentes e vincadas - únicas, como as pessoas reais. Se vão gostar? Leiam as primeiras páginas e digam-mo vocês.