Una LaMarche escreveu o livro "Unabrow" - que é como quem diz: monocelha. Ela defende que todos tivemos essa fase estranha na nossa infância (de forma mais fofa) ou na nossa adolescência (de forma mais penosa) - os mais sortudos fizeram o homerun. E sim, a menina da foto é ela.
E eu não posso negar. Tive óculos de massa (muito antes de ser cool), um olho tapado por causa do estigmatismo, aparelho nos dentes, cortes de cabelo à tigela e fatos ridículos, não raras vezes a combinar com a minha irmã. Confessem-se meus caros. Está aqui a vossa oportunidade de provar que todos temos um passado. Que #jáfomostodosmonocelha. Não raras vezes, ainda somos.
Vivemos sempre divididos entre amar o nosso país e mostrar que sabemos que é o pior do mundo.
Entre defendê-lo com unhas e dentes e rasgá-lo aos bocadinhos vai a diferença de um milímetro.
Somos um povo na adolescência, em conflito com os pais. Temos a vaga noção de que eles querem o melhor para nós, mas achamos que queremos fugir, ser independentes, que não nos dão mesada suficiente, exigem demais (e às vezes exigem mesmo) e não compreendem as nossas necessidades (e às vezes não compreendem mesmo). Só para descobrir que a vida sem eles é uma vida sem outras coisas que sempre tomámos por garantidas.
Tal como uma vida sem Portugal, é uma vida sem o nosso sol e o calor que está também nas pessoas, não só na temperatura.