Rir. Daquele riso que vem e fica tanto tempo que nos esquecemos o que era afinal tão engraçado. O riso que transborda em lágrimas e faz doer muito a barriga. Que começa estridente, pega com espasmos e acaba numa careta contraída e silenciosa. Que nos põe no chão a rebolar, mas nenhum ROFTL consegue transmitir. Que fica ali suspenso ainda durante uns minutos depois da última gargalhada e nos faz largar outra vez a rir com uma simples troca de olhar com um cúmplice de riso. Que faz o meu pai olhar para mim, muito sério, com ar "já chega, não"?
Já vos contei que não gosto do uso abusado do verbo amar. Devia haver até uma linha de apoio para pessoas com esse problema. Que amam demais e por isso amam de menos. Amam em cada sms ou telefonema, no fim de uma lista de compras, num papelinho das aulas. E dizer que se ama deixa de ser especial, passa antes a ser sinal de problema que não esteja lá aquela palavra que costuma fazer de ponto final para qualquer "traz-me uma alface".
Chego agora à sub-espécie do problema, que é o amarem-se coisas. Amar um livro ou um sabor de gelado. Amar um vestido. "Amei o que fizeste ao cabelo". Amava Apreciava mesmo muito que parassem de amar tudo e mais alguma coisa, a par das pessoas que amam sempre e mais alguma vez. Não gastem a palavra mais intensa do nosso dicionário para exprimir a vossa relação com bolachas Milka ou para dizer que gostam do George Clooney (a não ser que seja a querida da Amal que me está a ler).
O favor que vos peço é este. Amem muito, mas não desgastem nem banalizem a palavra amor.