O fim-de-semana não foi só alegrias
A minha mãe disse-me que eu devia cortar o cabelo "à Cristina Ferreira".
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A minha mãe disse-me que eu devia cortar o cabelo "à Cristina Ferreira".
Fui no bocadinho de dia que podia, batia a uma da tarde. Honestamente, esperei dar com a porta fechada para almoço e adiar a visita para outra altura. Mas atenderam-me de pronto sorriso e disseram que aguardasse um bocadinho, oferecendo-me uma revista. Felizmente levei um livro, porque um bocadinho foi um bocadão. Apercebi-me que, pelo menos naquele dia, todas as clientes eram senhoras de certa idade (estamos a falar de bengalas para cima) e portanto talvez aquele ritmo pacato de atendimento fosse para elas até um pouco acelerado.
Devia portanto ter percebido que quando eu disse: "quero cortar. Faça o que quiser desde que eu ainda consiga atar o cabelo" a cabeleireira ia estar sedenta de sangue fresco. Disse logo que não ia tirar comprimento (eu achei que esse era o sonho de todas as cabeleireiras, mas aquela já devia sangrar dos olhos a ver cabelos curtos) mas que ia fazer repa. Fosse lá o que fosse, relaxei na cadeira e deixei-me ir.
Quando percebi que repa era franja já era tarde demais. Tenho mesmo de passar a andar com um dicionário regional. Mas enfim, cumpre-se o sonho da minha mãe de me voltar a ver a cara emoldurada, agora sem os óculos de massa da infância. À medida que ela ia fazendo camadas, ia crescendo o meu terror a ouvi-la a dizer coisas como "isto agora usa-se muito" e "também sei fazer mais clássico, mas também sei fazer assim mais radical".
Ia trabalhando e dizendo o quanto já me estava a ficar bem, mesmo inacabado. Que eu até parecia mais nova. Disse-lhe que isso não precisava, que eu já parecia mais nova antes. Ela dava-me 24/25, eu ostento os 31 inteiros. Mesmo assim continuou.
Quando finalmente terminou, eu olhei para mim já de cabelo seco era isto:
Agora as horas já me baixaram o pelo, já estou a ver a coisa com outros olhos (pelo menos a parte dos olhos que a repa não tapa) e sou capaz de até me apegar a este look até à próxima visita. Quando me esquecer do quanto gosto disto de ir ao cabeleireiro.
Sou tão boa com caras (#not). Creio que já vos disse que sou meio distraída. Posso passar pela minha mãe na rua e não a conhecer (pouco provável, já que moramos em cidades diferentes). Tem muito a ver com o ir focada na minha missão e desatenta ao resto, mas noutros casos tem a ver com eu ser péssima com reconhecimento facial...Nunca me acontece o momento "acho que conheço aquela pessoa de algum lado". Ou se acontece, é por exemplo alguém com quem trabalhei com dez anos e devia conhecer de cor e salteado.
Conto isto porque fui ao cabeleireiro aqui da rua, onde já fui umas...5 vezes em dois anos. Em 2016 fui apenas uma vez, mas tendo em conta que quando pedi à minha irmã que me pintasse o cabelo em casa perdi a audição por causa de água no ouvido e quando pedi ao Moço fiquei com a parte da frente do cabelo malhada ao melhor jeito Cornélia, propus-me a ser mais regular no salão (odeio) num futuro próximo. Estavam apenas duas pessoas a trabalhar, que reconheci logo. Uma era a cabeleireira mais velha lá do sítio, a outra era uma rapariga que costuma andar lá só a varrer o chão e lava os cabelos às clientes quando há muito afluência - faltava aquela que me costuma tesourar e que até tem o mesmo nome que eu, pelo que a conheço bem.
Ora bem, quem avança para cuidar de mim é a moça que só costuma varrer o chão...tudo bem, para já era só escolher a cor certa e pincelar, há-de fazer melhor a pintar que o Moço. Foi eficaz, a tinta lá absorveu em tempo suficiente para a terra dar a volta ao sol, e a seguir chamou-me para lavar. Lavar era coisa que ela já fazia de vez em quando por isso não estranhei. Achei que chamasse a outra cabeleireira quando fosse para cortar...
Só que não. E aí entrei num pânico ligeiro, mas pensei: se ela vai fazer isto é porque sabe, deve ter tirado a formação há pouco tempo. Cheguei mesmo a pensar: ora bem, se ficar mal cresce outra vez. Ela começa a cortar as minha belas madeixas ruivas e eu em olhares de socorro para a cabeleireira mais velha - que nem olhava para nós, a ver se a outra estava a fazer bem. Inacreditável! Deixar assim a novata à vontade...Não sabia se isso era motivo para descansar ou enervar-me.
Tinha-lhe dito que queria franja, não direita, mas um pouco de cabelo mais curto à frente a cair de lado (isto quanto menos cara se vir, melhor) e ela pergunta-me por onde deve cortar. Ai! Por onde?! Mas ela é que está a cortar, já lhe expliquei o efeito que queria, se ela não sabe a técnica eu também não saberia. Confiei (que remédio!) e ela fez exatamente como eu tinha em mente. Até senti necessidade de lhe dizer que estava impecável ("bom trabalho"), como quem dá uma pancadinha nas costas e motiva. Para iniciante, ficou um mimo.
Quando ela já me está a secar o cabelo é que olho bem para a cara dela e penso como é parecida com a outra cabeleireira que me costumava atender. Seriam irmãs? Não. Antes de secar o cabelo todo eu já me tinha apercebido: era ela! Era a minha cabeleireira e não a rapariga que varre o chão! Essa é que não estava lá...
Claro que todo o drama se passou só na minha cabeça, mas mesmo assim, fiquei tão envergonhada que eu, a Maria-não dá-gorjeta, arrendondei a conta de 32,5€ e lhe paguei 35€ sem querer troco. Quando me voltarem a perguntar que super poder quero, já não vou hesitar entre a invisibilidade e o teletransporte. Direi sem dúvida: o dom de reconhecer pessoas.
P.S.: 'Tou linda.
Não se aplica se continuarem a deixar crescer cabelo dos lados. Não, nem se o pentearem para cima.
Ou, como eu lhes chamo: a época em que largo mais pelo que um cão com sarna.
Alguém precisa de um tapete novo?
Pois bem que eu tinha um post-it na agenda a dizer a 1 de Março: ir à cabeleireira. Era para estar bonita para os aniversários. Mas não fui e mudei o post-it para Abril. Mas não fui e mudei o post-it para Maio. Mas não fui e entretanto há casório e eu não quero manter o titulo de blogger menos in do pedaço à conta de umas raízes de cabelo maiores que as da outra do Crepúsculo na Met Gala.
Portanto, tendo também deixado escapar a oportunidade de a minha irmã o fazer na semana passada, anunciei ao Moço: vais ter de me pintar o cabelo. Reação:
- Não podes pedir à [cunhada].
- Não...
- Não podes pedir à [amiga].
- Não! Tu moras comigo, pintar o cabelo não é física quântica, vais-me ajudar.
Protegi-me devidamente. Toalhas a toda a volta, plásticos na bancada do WC, o material todo à sua diposição e besuntei vaselina junto à linha do cabelo para não ficar muito manchada.
Conclusão: repuxou-me tanto o couro cabeludo que parece que fiz um lifting, tenho tantas manchas de tinta pela cara toda que ou assumo varicela ou digo que fui à Colour Run e sabe Deus se ainda me vai cair o cabelo pela eternidade que a tinta demorou a pôr. Ah, e também acabou por não ser tanto pintar o cabelo, como fazer madeixas...
Ah, mas já está. Vaca tresmalhada a caminho do casório.
Obrigada Moço. Aposto que para a próxima me pagas a ida ao cabeleireiro...
Ou simplesmente tem dias em que acorda tão tarde que já não consegue lavar o cabelo (mas se calhar naquele dia devia mesmo)? Ou vai breve de viagem com possível episódio de (blargh) campismo? Então leiam aqui o meu artigo de hoje no Aprender uma coisa nova por dia, por favor...
"Gosto tanto do teu cabelo assim. Fazes-me lembrar uma personagem de desenhos animados."
Quando a cor da guedelha já escorregou para o tom rato-encardido e tem mais nós ao longo dos fios de cabelo que uma peça de tapeçaria de arraiolos.
A Pandora cortou o cabelo e toda a gente lhe diz que está fantástico. Pretende saber da veracidade destes elogios. Eu ajudo (sem nunca a ter visto) com dados retirados de alguns estudos pessoais e transmissíveis.
Há efetivamente 5% da população feminina que fica melhor de cabelo curto, mas atenção que não é mais do que isto. Tens de perceber a sinceridade no discurso dos emissores para saber se fazes parte dessa fatia de estatística. Ou identifcar bem quem está a fazer o elogio, para apurar a fiabilidade da fonte.
Eis o tipo de pessoas que vos dirá que o cabelo curto fica melhor mesmo que isso não seja verdade:
Não é só nesta amostra episódica que se baseia o meu estudo, mas bem me lembro de cortar o cabelo à joãozinho e todos lá em casa me elogiarem. As minha amigas, também. E depois aquele meu amigo mais sincero disse-me: não está mal, mas...nunca mais faças isso. E eu obedeci, até porque já me tinha visto ao espelho. Ainda hoje o meu pai me diz que foi o melhor que fiz ao cabelo e tenta convencer a minha irmã a fazer o mesmo, enquanto eu, por trás, faço sinais mudos: nãaaaaaaaaaaao.
Só para finalizar, Pandora: disseste que te sentias bem com o corte. Isso, muito provavelmente, responde à tua pergunta. Estás nos 5% e os teus belíssimos caracóis ficam em forma com esse corte. Eu, de cabelo ralo e curto, sentia-me só assim:
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