Estou no parque e tenho livros e pombos por companhia. Só penso como é bom estar sozinha. E - céus - como seria infinitamente melhor estar acompanhada. É que sem querer desdizer os livros que trouxe (e até já li) ou os pombos que se passeiam com vagar (que por uma vez até estão no sítio certo), nenhum deles me pergunta porque é que eu vim sozinha para aqui. Nem é a conversa que me faz falta. Que eu palavras só para mim tenho muitas. É o cuidado que nenhum deles tem comigo. Tenho saudades tuas.
Já fiz isto mais de uma vez por isso nem posso alegar insanidade temporária - só se for insanidade temporária recorrente.
O primeiro passo é ir distraída e passar a estação de metro onde queria seguir. Ora uma pessoa fazendo isto tem de sair de um lado da plataforma, subir as escadas, fazer a curva para o outro lado, descer as escadas e esperar pelo metro no sentido inverso.
É o verdadeiro walk of shame para mim. Eu, Maria orgulhosa, a mostrar ao mundo que falho e me engano e tenho de meter o rabo entre as pernas e voltar para trás?
Então não faço bem isso. Ou não faço só isso.
Pego telemóvel e faço toda uma simulação - sem público, porque no fundo ninguém quer saber. Como se tivesse ficado de me encontrar com alguém ali que afinal não apareceu, nem vai aparecer. E, aí sim, de forma pseudo-justificada para o meu público imaginário, dou a volta. Felizmente não há estações de metro que levem diretamente a Júlio de Matos.
Tratem-me por tu. Se num blog se esquecem as tabulações (formalidade da escrita) esqueçamos também as convenções (formalidade do tratamento).
Sobre mim só vos falta saber que sou ruiva (da tinta, que a natureza deu-me cor de lula e olhos claros, mas cabelo castanho), não jogo no euromilhões e gostava de ser do signo Leão (porque embora não acredite em astrologia, gostava de estar em consonância com o meu clube).
[post escrito há para lá de muito tempo e relegado para a caixa de rascunhos, onde foi esquecido]