Já foi há mais de cinco anos que te adicionei e a partir daí nunca mais deixámos de fazer likes um ao outro. Há mais de cinco anos que as minhas melhores fotos têm a tua tag. Há mais de cinco anos que és o meu destinatário de emails favorito.
Contigo cresci: dupliquei o número de seguidores quando os teus amigos se tornaram meus e o grupo da família no Whatsapp são afinal dois. Contigo aprendi a experimentar coisas novas: passei a colocar fotos de dois pratos no Instagram. Contigo vivi: os melhores pontos do meu Google Maps, piquei-os contigo e fizemos thumbs up a centenas de lugares novos, mesmo quando discordamos nas reviews. Contigo aventurei-me: lembras-te quando ignorámos o radar do Waze? Contigo partilhei: tantas receitas da #comidafit.
Não imagino outro como meu parceiro da conta de Netflix, ou que me deixasse ter uma lista no seu Spotify. Quero subscrever o Amazon Prime contigo. Quero ter bitcoins tuas. Faz-me uma menção.
Serás sempre o Favorito dos meus contactos do smartphone. Eu estou pronta para nunca deixar de ser a tua.
Daqui a nada o passatempo está a acabar. Já tenho participações que são uma vergonha (o que se pretendia, no fundo), mas tenho fé que vocês conseguem pior.
Portanto quem quiser ganhar uma carta de amor personalizada do serviço Biografias por Encomenda, a tempo do dia dos namorados, siga por aqui, saxavor.
Prometi e cumpro. Há um(a) sortudo(a) de um(a) leitor(a) que vai ter a prenda para o Dia dos Namorados resolvida muito em breve...que tal uma carta de amor escrita pelo serviço profissional e personalizado da equipa Biografias por Encomenda?
1) Dirijam-se a este post do Consultório de Prendas 2) Deixem num comentário a pior declaração de amor que consigam fazer (se fosse a melhor não precisavam de ajuda, não era?) 3) O vencedor é anunciado no dia 6 de Fevereiro (eu e o Moço seremos os jurados)
Todas as regras e a caixa de comentários aberta a participações: aqui!
Agora vão lá e participem. Não me deixem envergonhada que eu tive de subornar as meninas do Biografias por Encomenda com três alqueires de azeite para oferecerem isto aos meus leitores (ou então não...). Conto convosco. E não se esqueçam que uma metade da laranja nem sempre tem de ser um namorado, também pode ser um(a) amigo(a) que está lá sempre, pensando em exemplos assim de repente.
Quando o filme Her estreou no cinema fui ver com o Moço. Achei fascinante a forma como o protagonista ganhava a vida, naquela sociedade tão tecnológica e desprovida de calor humano: escrevia cartas de amor por encomenda.
Fiquei entusiasmada com a ideia: que sonho seria fazer disto profissão, pensei. Foi nessa altura que abri a página de Facebook Palavras & Cartas, que nasceu antes deste blog - e depois ficou ligada a ele. É por isto que o Facebook deste blog não se chama Maria das Palavras e sim Palavras & Cartas (depois já tinha demasiados seguidores para mudar o nome, quando o quis fazer).
Bem...contava eu que me entusiasmei de tal forma ao ver o filme que achei que queria e podia fazer aquilo: escrever cartas de amor. Mesmo para os outros. Mesmo que não fossem só de amor, mas também de saudade, de amizade, de agradecimento...tudo personalizado, como ele fazia no filme. Criei a página, dei-lhe algum conteúdo, mas não passou disso mesmo, um hobbie por umas semanas (absolutamente secreto, nem o Moço sabia disto - está a descobrir agora).
E caramba, não é que este serviço existe mesmo? Chama-se Biografias por Encomenda e conta as histórias de quem as queira registar ou oferecer. E escrevem cartas de amor personalizadas, como eu queria fazer. À falta de me quererem contratar, porque têm o meu emprego de sonho, pedi-lhes para, nesta aproximação ao Dia dos Namorados, oferecerem uma carta de amor a um dos meus leitores (só penso em vocês, pá!).
O passatempo vai sair no Consultório de Prendas muito (MUITO) em breve - acho que lá faz mais sentido, mas eu comunicarei aqui, não se preocupem. Vão já aguçando a vossa veia menos romântica (não esperavam um passatempo tradicional tipo random.org aqui da Maria das Palavras, pois não?).
Morava nesta casa há uns dois anos, quando a minha J., teve um grande desgosto de amor com seu primeiro namorado. Do alto da minha falta de experiência com relacionamentos sérios, dei-lhe um conselho que ela nem sempre segue, mas lhe ficou para a vida toda: não é ele a tua pessoa, tens de procurar alguém que te iguale ou supere.
Ela pegou logo no marcador colorido (já não me consigo recordar se era azul ou verde) e escreveu no quadro branco do quarto que partilhávamos: "Alguém que me iguale ou supere". Ficou muito tempo exposto no quarto que continuou a ser das duas, depois foi só dela. Mas ainda hoje, se formos a Viana do Castelo e espreitarmos o quarto da J. em casa dos pais, está escrita a mesma frase no mesmo quadro, só pendurado numa parede diferente - esse conselho que eu lhe dei, essa frase pela qual tentámos orientar-nos sempre, com as várias pessoas com quem nos fomos cruzando.
Por um motivo ou por outro, por muito que já tenha gostado de algumas pessoas e (ou) elas de mim, nunca achei que cumprissem esta frase. De alguma forma sempre me senti superior - presunção minha, eu sei. E sem esse reconhecimento, não podia nunca ter-me apaixonado verdadeiramente.
Independentemente do que o futuro nos reserve (ou talvez do que nós reservamos para o nosso futuro), tu és o primeiro que, para mim, cumpre esta velha máxima de um par de amigas tolas. Tu igualas-me ou superas-me. Fazes-me sentir grande com as tuas palavras e o teu carinho por mim, e pequenina no teu colo protector ou debaixo do teu olhar terno.
Tenho por ti o respeito e a admiração que ninguém me conseguiu arrancar. Podes sonhar como um menino e brincar como um rapaz, mas tens todos os traços de um Homem: da forma como me tratas, à forma como te relacionas com a tua família e com os teus amigos; da responsabilidade com que vês o teu trabalho, à tua paixão pela música e pelas tuas ambições.
E é por considerar que me igualas ou superas que és tão diferente de todos.
E me fazes a mim ser diferente também. Para melhor.
Não vamos chamar a este conjunto de parágrafos uma carta de amor. Chamemos-lhe só um e-mail de agradecimento, por me fazeres gostar mais de ti todos os dias: de cada vez que me dás a mão, quando me apertas ao ouvir determinada música, se me tocas no joelho quando vamos no carro e eu estou mais calada, quando dizes que me adoras no meio de uma conversa que nem tem nada a ver, se fazes um desvio para me dar um beijo ou simplesmente me lembras que te lembras de mim.
Sempre que erras comigo - e erramos tantas vezes, a sorte é a capacidade que temos de nos acertarmos - há um momento em que desabafas: não sei porque gostas de mim.
Coisa do momento, claro. Tu sabes tudo o que és (em ti e para mim) e eu já to disse muitas vezes.
Mas eis uma razão muito boa para gostar de ti: porque quando tomamos duche juntos tu acabas sempre primeiro (odeias ficar sem a água quente em cima do corpo por um segundo que seja, por isso eu espero por ti, só te observo) e quando sais levas sempre os meus chinelos para fora da casa de banho. Tantas vezes andas descalça por mais frio que o chão esteja, mas depois do duche, roubas-me sempre os chinelos. E eu chateio-me invariavelmente contigo, mas só te acho adorável. Depois tu voltas atrás com um sorriso maroto, às vezes já vestida, e devolves-me os chinelos.
É isto.
Podia repetir como és bonita, inteligente, que adoro o teu sentido de humor e os teus olhos de mar, ou a tua insegurança bem disfarçada para o mundo. Mas não é este um elogio mais puro? Um que só eu te posso fazer de algo que só me fazes a mim. Um elogio nosso de uma particularidade tua que só eu conheço. Amo-te porque me roubas os chinelos.
E foi isto que te quis oferecer neste aniversário. Porque já te dei tantas coisas, mas nunca te ofereci palavras.