Acompanhei com olhos de Big Brother o que a Sónia-Cocó partilhou das celebrações dos 15 anos de casamento. Primeiro a surpresa do marido e depois a dela. Ainda consegui desdenhar porque sou malina (trilhos? peddy paper? e celebrações que não envolvam dar à perna, não?), mas no-fundo-no-fundo o meu coração de pedra enterneceu-se.
Os contos de fadas da vida real existem e é bom saber. É bom saber que é possível que o amor sobreviva à rotina, às correrias, a putos ranhosos (mesmo que nossos). É bom saber que o amor pode até sair reforçado das quezílias e afazeres que estão sempre ao virar da esquina.
Um dia, a propósito de uma rubrica que a Cocó tinha no blog, escrevi-lhe a contar sobre mim e o Moço. Posso adiantar que também era uma espécie de pedido de ajuda para fazer uma surpresa. Foi muito no início. Ainda nem eu sabia, mas ela leu atenta as minhas palavras e disse: Isso é amor.
Foi ela a primeira a dizê-lo. E sei que ela o sabe reconhecer. Porque é uma daquelas sortudas que o conhece. Eu também.
Temos todos pressa. Pressa para chegar ao trabalho, porque adiámos mais 5 minutos o despertador (por muitas vezes e nos atrasámos). É que até tínhamos pressa para ir dormir, mas distraimo-nos, a tentar apressar as lides do dia seguinte. Pressa para chegar ao café onde nos encontramos com outros amigos que chegam atrasados e depois se despedem à pressa (porque têm pressa, pois claro). Pressa para comer de tudo durante o brunch, que aquilo é pequeno-almoço e almoço, mas já não é jantar. Pressa para ter a última i-Coisa mesmo ainda com o preço inflacionado pela estreia. Pressa para ver aquele filme no cinema e afinal já nem apanhámos o início, mesmo tendo jantando à pressa. Pressa para despachar aquela chamada para a seguir fazer outra - e em nenhuma delas nos lembramos de saborear a conversa e perguntar como estava o amigo do outro lado (deixa lá, ele também estava com pressa). Pressa de saber a resposta a cada pergunta e lá vamos nós ao Google em vez de puxarmos pela cabeça ou vivermos a solução, sabermos pela experiência. Pressa para crescer e depois pressa para voltarmos a ser pequenos - e já não dá. E depois apressamo-nos a dizer que a vida passa a correr. Quando somos nós que estamos sempre com pressa.
Baby M. não tenhas pressa. Para isso já cá está o resto do mundo.