Pânico de estimação
Entrar em lojas com mais assistentes do que clientes.
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Entrar em lojas com mais assistentes do que clientes.
Sentir que devia ir àquele shopping mais vezes porque encontrámos duas moedas - um total de 1,10€ - no chão e sabe-nos a sinónimo de fortuna.
Ter gasto pelo menos 20 vezes esse valor em compras não planeadas.
Claramente compensa.
Por causa deste post em que queria ilustrar com algumas peças como ainda era cedo para começar a dizer adeus ao Verão, andei a passear (mais do que devia) no site da La Redoute. Conclusão: desgracei-me.
O vestido já tinha visto há uns tempo (adoro este género de camiseiro - ou lá o que é, a blogger in não sou eu) e estava pornograficamente a metade do preço. A blusa, em vermelho, sorriu para mim por menos de 10€, e comecei logo a imaginar-nos felizes, a dar longos passeios na marginal, abraçadas. O outro vestido...enfim, combina lindamente com o meu cadeirão amarelo da sala: como resistir a esse match made in heaven?
Tinha prometido a mim mesma que ia começar a poupar para umas férias das BOUAS (assim mal escrito e tudo, para verem o nível de qualidade) e vocês fazem-me isto (obrigam-me a andar no site da La Redoute para ver conteúdos para o blog).
Ao menos elogiem as peças. Vejam-nas lá e digam nos comentários: ui, adoro esta e sei como não conseguiste resistir àquela. Qualquer coisa que me convença que fiz a coisa certa.
Qual é a vossa favorita? Ou qual é que eu devia mandar devolver? Sejam fofos e repondam, respetivamente: todas e nenhuma.
A minha querida Lupa saberá identificar mais 50 tipos delas, mas estas são as que me tiram do juízo. No fim quero que me avancem qual a que gostam menos, se são alguma delas, ou que outras coisas vos tiram do sério a cada visita ao supermercado. Vamos lá?
A nervosinha do tapete
Vou confessar: foi esta que inspirou o post. Estava na fila, já a colocar as coisas no tapete. Como a divisória que diz "próximo cliente" não estava ainda disponível deixei uma distância bem simpática entre as as coisas da senhora da frente e comecei a pousar as minhas. Logo aí senti que ela ficou nervosa. Olhava para as minhas compras, olhava para as dela. O pânico que a operadora de caixa achasse que os guardanapos de rolo - a meio metro das compras dela - lhe pertencesse e tivesse de os pagar instalou-se completamente. Ou talvez fosse pânico que eu lhe ficasse com a embalagem de cenouras que escolheu a dedo. Seja como for: suores frios. Assim que possível, quando a operadora de caixa terminou de registar os produtos do outro senhor à frente dela, fez um salto de atleta olímpico para o separador e colocou-o vitoriosamente no espaço entre as minhas coisas e as dela, rematando com um olhar de "vês como é que se faz?" dirigido a mim. Isto passou-se em poucos segundos mas senti que para ela foi uma tragédia grega em slow motion. Por isso contive o riso.
A apalpadora de fruta
Literalmente, pessoal, não sejam ordinários. esta pessoa vive na secção dos frescos e legumes e quase a ouvimos a estalar os dedos antes de estacionar o carrinho à beira das courgettes para começar a sua jornada. Com ar de especialista e de saco em punho faz um jogo de toca e foge com cada peça de fruta. Não escolhe uma ameixa sequer sem tocar em pelo menos 70% das que estejam disponíveis. Não raras vezes, sai de mãos a abanar. "Nunca tem nada de jeito" diz ela a quem quer ouvir, "naquele supermercado a fruta está sempre toda pisada". E nem pensa que foi porque ela a cutucou toda no dia anterior.
A louca dos talões
Se acham que é um grande azar quando a fila para pagar pára por questões técnicas, faltas de preço em produtos ou tremores de terra em curso, é porque nunca se cruzaram com a verdadeira louca dos talões. Apesar de ter os milharzinhos de vouchers em pastas ou numa bolsa específica que anda sempre com elas, está lá de tudo o que recolheram e recortaram, de todos os supermercados da área (e alguns que nem existem num raio de 100 km). Portanto primeiro tiram os do supermercado errado, depois querem usar os que já expiraram e a seguir pedem à menina para os experimentar todos, por favor, mesmo que ela insista que aquele cupão só é válido em alface e a coisa mais parecida com vegetal que tem é uma pizza congelada com pimentos em cima. Mesmo quando se acabarem os cupões não vale a pena respirarem fundo: falta levar os selos dos copos, sim?
A acumuladora de fila
Deixam-na passar à vossa frente porque só leva uma embalagem de Panrico e vocês foram aviar-se (quem usa esta expressão?). De repente ela pergunta se guardam o lugar e vai buscar umas latinhas de atum. A seguir volta, pousa e vai buscar amaciador da roupa. Depois, ainda enquanto espera, pede desculpa, mas lembrou-se que precisa de sabonete líquido. E quando dão por ela, têm à frente uma pessoa com o supermercado inteiro por pagar. Mas muito a sério: começou com um produto na mão e acaba com um carrinho cheio que podia alimentar África.
A esfomeada
Eu. Claramente, eu. Alguém que passou mesmo só para ir buscar a manteiga que se acabou, mas decide passar naquela hora crítica antes do jantar. Resultado: traz TUDO o que consegue alcançar com a mão das prateleiras. Especialmente se for comestível. Especialmente se for doce.
Tudo se torna "aquilo que eu não como há tanto tempo" ou "aquilo que sempre quis provar". E quando, arrependida de todas as porcarias que trouxe, começa a arrumar as compras em casa, lembra-se: não trouxe manteiga!
- Podes comprar tampões?
- De que cor?
Fui à Primark e depois ao El Corte Inglès.
E te convida para ir às compras na Black Friday.
A ida ao hiper começa comigo a entrar confiante, sem levar cesto ou carrinho, porque vou só mesmo buscar uma embalagem de fiambre.
E acaba comigo a fazer equilibrismo para manter nos braços as 20 coisas que trago até à caixa, por tê-las reunido ao longo dos corredores (ah! precisava disto! hummm, apetece-me aquilo!).
All check. Já podemos ir ao Continente do Colombo outra vez. Que desde que aquilo está em obras e trocou os corredores todos é às meias-horas de cada vez para encontrar cada produto e nunca sei para onde sair sem bater contra uma parede improvisada.
Precisava de um apontamentozinho para fechar o look para o casamento de amanhã. Como tenho a mania que sou rica fui à Accessorize, que ao menos estava cheia de promoções. Menos mal, pensei eu. Nem sabia o quão enganada estava. Peguei rapidamente no que eu queria (ao preço que gostava) e fui para a caixa.
A senhora olha-me firme e rejeita-me o produto: Não, não faça isto! Leve mais coisas que se comprar quatro artigos tem desconto de 50%!
Eu digo que não, obrigada, mas ela insiste: Qualquer artigo conta! Mesmo muito barato ou já em promoção!
Abstive-me de dizer que nada ali é "muito barato" e dei meia volta. Andei pela loja toda, Moço atrás (paciente como tem de ser, porque eu aturo-lhe muito mais as voltinhas nas compras do que ele as minhas). Lá acabei por escolher uns cacarecos quaisquer que sei que preciso sempre (ganchos para o cabelo e elásticos) e um par de cuecas em promoção, daquelas rendadas para não desabituar os vizinhos.
Vou para a caixa novamente. Avanço os quatro artigos. Ao início parece estar tudo a correr bem, mas ela detém-se nas cuecas:
Ah, não leve só estas cuecas! Temos uma promoção se levar três artigos de lingerie, oferecemos o mais barato.
Fartinha de estar ali (não represento nada em a espécie de gajas que adoram compras, se pudesse fazia tudo online), pergunto-lhe: isso acumula com a promoção dos 4 artigos a 50%?
Ela responde: não. Mas posso registar à parte!! Vá lá buscar.
Ainda olhei por mim abaixo para tentar perceber se tinha papéis a sair da mala ou do bolso, por exemplo, que ela pudesse confundir com aqueles livrinhos de talões de desconto que algumas pessoas colecionam religiosamente, sempre sôfregas por promoções, mesmo de coisas que não costumam comprar (tipo mulheres solteiras a comprar creme de barbear Nivea só porque está com 30% em cartão). Nada.
Tive de pegar na minha confiança e assertividade em bloco e dizer: Não quero mais andar a zanzar a loja. Eu só queria mesmo era pagar, pode ser?
Nunca pensei vir a dizer isto...
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