Qual é o vosso filme favorito? Sabiam que o Moço é Disneyficiente? Querem ouvir-me a cantar? E a partilhar um trauma de infância que envolve esse objeto perdido no tempo que é a cassete VHS? Tudo para ouvir na mai'nova Mensagem de Voz.
Tenho ideia que as pessoas se esquecem que não aprenderam tudo nas redes sociais, não querendo eu desfazer do valor da partilha útil. Da mesma forma que a mesquinhez da vizinha virtual, já existia às janelas, da mesma forma que antes de serem as Youtubers a esgotar vestidos, o faziam as atrizes de Hollywood, também algumas das maiores tendências desta era nasceram muito antes.
O conceito de Mindfulness por exemplo, foi a Disney que me ensinou. Mais propriamente um porco, acompanhado de um suricate e um leão que comia insetos. Hakuna Matata, diziam eles. Que era preciso viver no momento. Como todos os conselhos dados (por isso não vendidos) têm de ser levados com sensatez. Esquecer os problemas para sobreviver, como diz a canção, faz-se se de facto já não há nada que possamos fazer senão remoer neles e dar cabo da possibilidade de desfrutar do presente. Até pode ser um life coach a lembrar-me disso no Instagram, mas essa lição ouvi-a repetida e cantei-a mil vezes ainda antes dos 10 aninhos. Hakuna Matata. Atira o passado para trás das costas.
E a #gratidão? Apreciar as pequenas coisas diariamente para nos sentirmos bem. Foi um livro de auto-ajuda? Não. Foi a Maria, a freira cantora que foi tomar conta dos 7 miúdos Von Trapp que me deu uma canção favorita e um mote. Bigodes de gato, invernos que derretem para primaveras, tudo detalhes que devemos apreciar para não ficarmos a marinar nas grandes e inevitáveis desgraças com que nos cruzamos na vida. O Gustavo Santos austríaco, aquela menina.
E sei que desta influencia não sofri (ainda, será que algum dia?), mas também não foi o PT Paulo Teixeira que me tentou cativar para o exercício através de um ecrã pela primeira vez. O meu primeiro PT foi o Gualter, na Rua Sésamo, acompanhado dos seus amiguinhos. Claro, que hoje não poderia dar essas aulas num live, porque as fazia em pelo e seria censurado!
Nem foram as 7665 publicações de nutricionistas (reais e pseudo) os primeiros a alertar-me para fazer uma alimentação rica em nutrientes, através da ingestão de legumes. Este foi o primeiro rapazinho a debitar-me o seu What I eat in a day , com algumas influênciasvegan. Tinha uma poupa (para rimar com sopa?) e era um visionário quanto à pandemia: diz que nem se importa de não poder sair de casa porque gosta de sopa, do seu paladar, ao almoço e ao jantar...
Como estas, muitas outras lições que o Instagram até me vai recordando, mas foi muito antes que me entraram na cabeça. E de todas elas, só há uma que me esforço muito para não interiorizar e cantar a plenos pulmões...(esperem pelo refrão, se não conhecem)
Eu, irritada com o filme da Bela e o Monstro (com a Emma Watson, que está na Netflix) porque mudaram vários detalhes da história de animação, sendo a mais grave - para mim - que o Lumière tem a cara na vela e não no castiçal:
- Isto é um disparate. E nenhum deles tem emprego, gostava de saber como pagaram aquela festa no final para toda a gente.
Todos os dias vejo por aí novas versões das princesas da Disney em artigos interessantíssimos e de importância maior partilhados no Facebook. A saber, coisas como:
As princesas da Disney desenhadas pelo Tim Burton
As princesas da Disney com corpo de mulher real
As princesas da Disney em zombies
As princesas da Disney sem maquilhagem
As princesas da Disney como personagens do Game of Thrones
Como estou cheia de medo que lhes comecem a faltar ideias, a estes autores/filósofos, sugiro mais alguns temas pertinentes para nos mostrarem como ficam Ariel, Bela, Aurora, Yasmin e companhia:
1. As princesas da Disney se fossem ao MacDonalds todos os dias
Com excedente de massa gorda e borbulhas na cara. Um bocadinho de alface ainda pendurado no cabelo e uma Cola XL na mão a ser sorvida.
2. As princesas da Disney se fossem fashion bloggers
Iam todas adotar os pauzinhos que a Mulan tem no cabelo para ajudar à sua nova dieta: sushi e sumos verdes. Super saradas, com franjas, cores e padrões da moda, iPad em punho e "pau de selfie" a sair da carteira Prada. Ou com o novo conjuntinho rosa choque da Adidas, prontas para a corrida matinal.
3. As princesas da Disney habitantes da Cova da Moura
A carteira deixa de ser Prada e passa a ser Frada. De lá saltita a arma favorita de cada uma: da adaga à soqueira. Os longos cabelos estão invariavelmente escondidos por capuzes.
4.As princesas da Disney com 37 anos e meio.
Já vi versões em novas, em velhas, com 42 anos, mas nunca esta simulação importantíssima em particular. Creio que é uma falha que está a inquietar gerações inteiras.
5. As princesas da Disney na fila do Pingo Doce com a promoção do 1 de Maio.
Como agem? Vão de fato de treino para a fila às cinco da manhã? Aposto que a Bela leva um livro para enfrentar a espera, a Yasmin vai de tapete para não apanhar trânsito e a Pocahontas é a primeira a puxar cabelos. A Cinderela talvez não vá, que tem de varrer a casa, mas não precisa porque é menina para guardar todos os talões de desconto - daquelas que recortam e têm bolsinhas para isso e depois vão ao supermercado consoante a semana de descontos, uma verdadeira fada do lar. Ou melhor, princesa do lar.