A minha irmã apanhou uma faringite desgraçada este Natal e, em plena noite da consoada, mal falava e mal comia. A situação não é para rir, claro, mas (estando a situação controlada) foi impossível controlar o riso quando o meu pai a convencia que não fazia mal passar assim o Natal, que tinha a família junta, a casa enfeitada, a sorte de ter prendas para abrir. No fundo, queria consolá-la dizendo que mesmo sem cantar ou afinfar os dentes no bolo de bolacha que tinha pedido especialmente, o Natal que ela tanto gosta continuava a ser o Natal. Que mais poderia querer ela? Questionou.
E responde ela, em esforço, de forma muito sofrida, dizendo aquilo que dizemos mais ou menos da boca a toda a gente, mas ela queria mesmo:
Trouxe uma gripe da despedida de solteira (estou velha para sítios que tresandam a tabaco e sol na cabeça às horas erradas). Foi piorando ao longo do primeiro dia até me deixar de rastos. A garganta inflamada, dores no corpo todo, febre alta - tudo a que tenho direito. O Moço foi trabalhar, foi ao ginásio e andou à caça de uma canja para mim. Sorvi uma tigela com dificuldade e tomei um Brufen que só depois vi que tinha validade expirada desde Maio. Durante a semana tive frio e calor, sem me decidir quando ter o quê e depois uma tosse desgraçada a toldar-me a garganta. Fiz quase nada do que queria e precisava, perfeitamente desconcentrada entre as dores que não matam mas moem e as tentativas de aguentar a tosse. Passo a citar-me, frase da passada quinta-feira: Sempre que não estou a tossir, estou a pensar como evitar tossir.
Assim, já melhor, senti-me culpada ontem ao deixar a casa do avesso, tanta coisa por fazer e nem sequer estar a sair para ver família, amigos, adiantar alguma ação ou alguma presença.
Tudo pr'ó diabo e só nós os dois, como às vezes tem de ser. Afinal temos um norte fantástico, que antes estava longe para explorar em escapadinhas de fim-de-semana, ao nosso dispor.
O "nosso" bebé tem diabetes tipo 1. Não é nosso filho, mas é o nosso bebé - os pais que me perdoem o pedacinho que lhe roubo. E vai viver com isto desde pequeno até daqui a muitos, muitos anos, contando que um dia, ainda em tempo útil, a medicina terá solução para esta doença. Até lá os dedinhos são castigados uma e outra vez todos os dias para controlar os valores que o corpo não regula sozinho, porque o pâncreas se reformou no primeiro ano de vida - e ainda há quem ache generoso a reforma aos 65...
Imaginem que uma abelha vos pica pelo menos seis vezes por dia (odeio abelhas). As injeções de insulina ainda não podem ser sustituídas, mas em Portugal já há forma de medir os valores escusando a tortura diária dos dedos (a partir dos 4 anos de idade). O kit inicial custa 169.90€ e os sensores, que devem ser trocados a cada 14 dias, custam 59,99€. Sim, dois por mês.
ASSINEM esta petição e, por favor, PARTILHEM nos vossos blogs, páginas de Facebook, entre amigos. Colocam nome, email, nº de BI e confirmam a assinatura no vosso email. Só isso. Pela comparticipação desta tecnologia que é para muitos sinónimo de liberdade e mais saúde (já que mais rapidamente se identificam situações de hipo ou hiperglicemia). Já disse que 13% da população sofre de diabetes? E uma dessas pessoas é minha.
Estes factos foram recolhidos no site da Alzheimer Portugal (onde podem obter muito mais informação) com o apoio de uma porta-voz da instituição. Claro que os comentários parvos são meus. Mas nada como usar o humor para aligeirar uma situação que de ligeira não tem nada. São dez factos importantes. A saber:
Ninguém tem Alzheimer.
O que as pessoas têm (infelizmente) é a doença de Alzheimer. O Alzheimer é o senhor Alois Alzheimer que identificou a doença em 1908. Por isso “ter Alzheimer” seria ter o senhor lá em casa – ora o homem até já morreu e a família podia não gostar muito disso. Como já foi em 1915 que morreu, aposto que vocês também não iam adorar.
É o tipo mais comum de demência.
50 a 70% dos casos de demência são de Doença de Alzheimer. Pelo que, pelo menos, devíamos saber dizer o nome corretamente...
Não é tão hereditária como pensamos...
A forma mais comum da Doença de Alzheimer, afeta pessoas independentemente de haver casos na família ou não e até à presente data o único fator de risco evidente para o desenvolvimento desta doença parece ser a existência prévia de um traumatismo craniano severo. Há um gene apenas identificado como estando associado à doença (ApoE14) e que portanto pode ser transmitido de pais para filhos, mas também pode ser transmitido sem que a doença se venha a manifestar (o que acontece em metade dos casos). Neste caso, nem estamos a falar do tipo mais comum de Doença de Alzheimer, mas de um tipo que se desenvolve entre os 40 e os 60 anos e que apresenta um número reduzido de casos face à Doença de Alzheimer mais comum que surge a partir dos 65.
O esquecimento não é o único sintoma.
E se eu disser que os sintomas incluem, por exemplo, coisas simples e que não associamos normalmente à doença, como: apresentar um discurso vago durante uma conversa, perder entusiasmo na realização de atividades anteriormente apreciadas ou demorar mais tempo na realização de atividades de rotina? Faz-nos querer estar um bocadinho mais atentos, não é?
Pode ser confundida com depressão ou...carências nutricionais!
É verdade...não tem um diagnóstico tão direto como pensávamos, pois não? As pessoas começam a ficar esquecidas e já está...Só que não! O diagnóstico, que importa ter o mais cedo possível, é obtido através de uma série de exames e análise da pessoa e do seu historial. E 100% de certezas, só mesmo após a morte, ao observar o tecido cerebral.
Ter diabetes, colesterol, tensão alta...são fatores de risco.
Não basta não ser tão genético como pensávamos: a verdade é que podemos fazer alguma coisa para não alimentar esta doença. Uma dieta equilibrada e exercício físico podem ser chave (normalmente só ouvimos falar em exercícios mentais, mas o Sudoku não é mais importante que o “mexer o cu”). Não há nada que possa prevenir a doença de Alzheimer garantidamente (pelo menos identificado, até ao momento), mas o exercício físico e mental, bem como os bons hábitos alimentares, podem ajudar a reduzir o risco ou adiar o seu desenvolvimento.
Devíamos todos saber um bocadinho mais sobre isto.
A Demência afeta 1 em cada quatro pessoas a partir dos 85 anos. Tendo em conta que a esperança média de vida é cada vez maior há uma alta probabilidade de nós ou um dos nossos vir a sofrer com a Doença de Alzheimer. Nesse sentido todos deveríamos ter mais informação sobre a doença, desde os fatores de risco – que já vimos que estão longe de ser maioritariamente genéticos – aos sintomas, às formas de lidar com a doença.
As mulheres são mais afetadas.
As mulheres constituem entre dois terços e três quartos das pessoas com demência. O risco de demência duplica a cada 5 anos depois dos 65 anos, sendo a idade o maior fator de risco. A esperança média de vida é mais elevada nas mulheres, pelo que existe um maior número de mulheres com demência.
Não há cura.
Há medicação que pode ajudar a estabilizar a doença e a combater outros efeitos da mesma (como a depressão) mas a doença não regride, nem se cura. Pelo menos não até ao momento.
O Passeio da Memória é mais do que um passeio no parque.
O evento ocorre anualmente e em vários pontos do país e todos estamos convidados: não só doentes e cuidadores, mas toda a gente que encaixe na categoria “ser humano”. E agora que penso nisso, talvez até possam levar os vossos animais de estimação. É um importante momento de sensibilização para a doença, em torno da data em que se marca o Dia Mundial da Doença de Alzheimer (21 de Setembro) e de recolha de donativos, organizada pela Alzheimer Portugal. A inscrição/donativo são 5€ e podem juntar-se ao “Passeio” aqui. É a altura do ano em que se ouve falar mais da doença – e tendo em conta que é uma doença que pode afetar cada um de nós ou dos nossos familiares (nunca sabemos – não sou da política do medo, mas sou da política da informação-na-mão) talvez seja bom gerar todo o impacto possível. Vamos todos?
[Nota: Normalmente quando publico um artigo no Aprender Uma Coisa Nova por Dia não o replico no blog, mas suspeito que este tema mereça mais réplicas que um terramoto, pelo que aqui fica. Sintam-se à vontade para partilhar também, as vezes todas que quiserem.]
O filho (já adolescente) de uma amiga minha esteve doente uma semana: uma gripe salpicada com infeção na garganta, um antibiótico que lhe deu a volta à tripa, não aguentava nada no estômago. A minha amiga é que perdeu 5 quilos durante essa semana.
O filme chama-se "É uma espécie de...Comédia" e estava a dar no AXN White. Não pude ver mais de 15 minutos mas pareceu-me uma abordagem descontraída e pragmática às doenças mentais. E no pedacinho que vi identifiquei três erros básicos do cidadão comum face a esta(s) doença(s) que nos custa(m) tanto compreender:
O Craig, que é o adolescente que serve de personagem principal, anda deprimido e está a pensar matar-se. Dirige-se às urgências e anuncia isso: quer matar-se, precisa de ajuda. É examinado por um médico que lhe pergunta se aconteceu alguma coisa em particular para ele se sentir assim. Erro nº1. Se aconteceu alguma coisa? Seria tão mais fácil se a depressão tivesse uma explicação lógica, mas nem sempre se segue a abusos infantis ou outro evento traumático. Às vezes são só as coisas do dia a dia que pesam (de)mais.
O médico diz-lhe que o vai dispensar. Aquele hospital é para pessoas que estão mesmo doentes. Erro nº2. Pessoas mesmo doentes. Porque o que não se vê, não se sente?
O Craig é. a pedido, admitido na ala psiquiátrica do hospital. A médica desse piso, que sabe que ter uma depressão não é mais embaraçoso que ter diabetes, diz-lhe que ele vai ter de falar à escola e ficar uns dias com eles para avaliação. E ele quer sair, desistir. Porque achava que podia ter uma solução mais rápida. Erro nº3. Desta vez do próprio. Quer uma pílula mágica, uma conversa que mude uma vida, um génio numa garrafa.
Acho que vou continuar a ver o filme assim que puder. Façam o mesmo.