Depois de vários meses a bater recordes de leitura, em Junho achava que tinha lido 2, mas afinal foram quatro! (de um deles não me lembrava, por não ser um livro típico, outro acabei em julho, mas contei na mesma) Junho foi um mês complicado de muito trabalho e pouco tempo livre (já disse que tive 3 casamentos?), mas o que li foi com gosto e, como insisto sempre que me dão oportunidade, ler não é uma corrida, ou coleção de cromos. Um livro por ano, pode ser tão bom como 4 num mês, desde que dele retiremos o devido prazer.
Só me chatei que queria mesmo ter lido pelo menos um livro antigo da minha estante, dos que aguardam há mais tempo, mas o que acabei por ler foram quatro livros novos! Dois comprados por mim, dois oferecidos pela editora (lançamentos de Junho que me interessavam). Mais uma vez: fazer planos é bonito, mas leio o que me dá prazer e foi isto que quis ler.
1. O Homicídio Perfeito - Um Guia para Boas Rapatigas, de Holly Jackson - Novo
Para quem tinha estado a reviver a juventude, na casa dos pais, a tirar da estante todos os livros do passado (desde coleções de aventura como Triângulo Jota, à Profissão Adolescente, às Luas de Joana, Diários de Sofias e afins) este foi o livro perfeito. É um mistério juvenil, em que a Pip, com a desculpa de trabalho de investigação para a escola, vai desenterrar um homicídio/desaparecimento que ocorreu há algum tempo naquela pacata cidade. Tem muito bom ritmo e não adivinhei o fim (o que gosto é ótimo). Não fica como favorito, até porque se seguiu ao brilhante A Anomalia (!) e essa é uma posição difícil, mas recomendo para quem quer encontrar a nostalgia de "Uma Aventura".
2. O Menino, a Toupeira, a Raposa e o Cavalo, de Charlie Mackesy - Novo Dizem que é uma espécie de novo O Prícipezinho. Uma fábula para todas as idades. É bastante rapido de ler: as ilustrações dominam e as frases, reflexões das várias personagens, dão sentido. É um livro lindo, de ter na estante e abrie muitas vezes, de oferecer a miúdos e graúdos e...de pôr no Instagram! Ahahah.
3. Tereza Batista cansada de guerra, de Jorge Amado - Novo Foi o livro que enrolei durante a maior parte do mês: é grande, tive pouco tempo, mas, sobretudo, é mesmo um livro para ler com vagar. Tereza tem muitas alcunhas e "cansada de guerra" é só uma delas. Vamos conhecendo como mereceu cada uma nos vários capítulos da livro e da sua vida, numa escrita sublime e irónica de Jorge Amado. Capítulos como o do surto de varíola (narrada a começar cada capítulo com uma letra do alfabeto, por ordem), a violência que sofreu nas mãos do capitão, como liderou a revolta das prostitutas e o amor tão errado com quem lhe restaurou a vida, roubaram-me o coração de formas diferentes. Já tinha lido os Capitães de Areia deste autor, e gostei bastante mais deste livro.
4. Layla, de Colleen Hoover - Novo
Continuo sem saber qual o estilo da Colleen. Terceiro livro que leio dela e nenhum parece da mesma autora. Este, que fechou o meu mês (até acabei hoje, já em julho, mas não digam a ninguém) é um romance paranormal, mas não temam, porque não é terror. É só muito louco, mas é leve e muito rápido de ler. Tive sempre vontade de lhe ir pegando a cada bocadinho livre e, apesar de ser mais paradito no meio, em que se instala uma rotina que ainda estamos a tentar perceber (não posso dizer muito), no final tudo se explica. Quando começa, temos Leeds a contar como conheceu Layla a alguém, ao mesmo tempo que sabemos que ela está amarrada num quarto do primeiro andar. Começamos seriamente a duvidar daquela que, em teoria, pelo que ele conta, é uma bonita história de amor. Eu comecei a duvidar também por que raio se chama o livro Layla, quando não me parecia que o essencial fosse sobre ela. Mas tudo faz sentido, prometo, só que não vos posso contar! Descubram. Sei que é estranho dizer isto de um livro que lida com o paranormal, mas acho que é uma leitura de verão!
Este livro começou por me irritar bastante. No mau sentido mesmo. Não me consegui identificar com personagem nenhuma, muito em especial com a potencial protagonista que em tempo de guerra quer coser vestidinhos de noiva. No entanto, tinha lido reviews no Goodreads (este livro foi finalista do Prémio Goodreads para melhor romance histórico) e muita gente fala mal do livro por uma coisa que me parece idiota de criticar: A autora é americana e a história passa-se no UK. Ela usa expressões americanas nalgumas situações, o que irritou muito os ingleses. Como se uma escritora brasileira não pudesse usar palavras do seu português, ao escrever uma história a passar-se em Lisboa. Então, como eu sou do contra e queria chatear os britânicos (um país inteiro que já nem dorme com as cócegas que lhes fiz com isto...) continuei a leitura.
E valeu a pena ser teimosa. Começa a ser muito bom quando acontece "a" tragédia e nos deparamos com a importância das escolhas que fazemos todos os dias. Não podemos deixar de nos pôr nos sapatos da Emmy, em pleno Blitz, durante a Guerra e pensar: o que faria? Eu sei o que teria feito no lugar dela, mas...sei mesmo?
Depois a forma como a parte da história que ficou para trás nos é revelada - não posso ser mais clara, para não vos dar pistas - é surpreendente. E eu gosto da forma tanto como do conteúdo.
Posto isto: leiam este bocado do início e decidam se querem o resto. Começa com Kendra a recolher uma entrevista para fazer um trabalho. E é nessa entrevista que mergulhamos para chegar à história de duas irmãs a viver em tempo de Guerra. Prometo que o melhor vem depois.
Este livro começa como uma fotografia com a abertura de diafragma no máximo. Sabem quando o fundo da imagem é uma mancha de cores quase indistinta porque talvez não interesse? Foca-se na vida e nas experiências de duas jovens - a Margot e Haruko, que vivem uma amizade improvável, num contexto improvável. E é aos poucos que o fundo da imagem se vai tornando mais nítido e a foto fica completa com a revelação desse contexto. A história não é só sobre elas. A história é sobre a visão delas num mundo que parece de faz-de-conta, mas é bem real. Onde as famílias são postas numa casa de bonecas, mas não é porque alguém está a brincar, é porque alguém está em guerra.
Gosto de conhecer perspetivas novas. E a perspectiva da Segunda Grande Guerra nos Estados Unidos da América, para as famílias originárias do Japão e da Alemanha foi completamente nova para mim.
Tantas vezes acusamos os norte-americanos de não saberem distinguir Paris de Praga - é tudo ali do outro lado do mar, num sítio velho chamado Europa, e afinal somos nós (era eu) que não sabemos tanto sobre o que se passou lá, historicamente.
A história das duas jovens é crucial, próxima, terna e tensa (adorei a revelação final). Mas o que mais gostei foi precisamente de expandir os meus horizontes, com os factos baseados na realidade.
Quando o nosso sobrinho nasceu, vai para dois anos e umas quedas, prometemos (ao Universo enfim, para ninguém em particular que ele não falava) que lhe daríamos um livro por ano. Eu sou menina das letras, o Moço alinhou, houve direito a pinky swear e tudo.
Falhámos redondamente. Tem sido bem mais de um livro por ano.
À medida que ele vai crescendo e vai ligando cada vez mais aos livros (ele não diz livros, diz "histórias") mais gozo dá escolher livros para ele. Tenho descoberto um mundo de criatividade que só visto. Numa primeira fase eram os livros com sons e texturas. Agora, para a idade dele há livros que são autênticos jogos. Têm poucas letras? Têm. Mas ajudam-nos a apaixonarem-se pelos livros mesmo antes de saberem ler e a desenvolverem todo o tipo de competências com tanta interatividade. Enquanto os adultos também se deliciam com a originalidade. Embora não possamos admitir que os livros deles nos divertem muito mais que os nossos.
O mais recente que oferecemos ao garoto foi esse que se chama Socorro, estamos no livro errado e tem tudo desde bonecada e um argumento giro a instruções para fazer um barco de papel ou páginas para identificar as diferenças (e apesar de ele ser demasiado pequeno para conseguir fazer tudo desde já, juro-vos que não tem largado esta "estóia" nova). A premissa é simples: o Rui e a Rita foram parar ao livro errado e precisam da ajuda do leitor para voltarem ao seu livro - para junto do seu cão. Ao longo das páginas vão saltando de livro em livro e encontrando desafios diferentes até chegar ao seu. As crianças são convidadas a ajudar nesta busca e, a julgar por este meu catraio que ainda nem percebe tudo, divertem-se muito.Podem ver algumas das páginas interiores aqui:
Além deste, reuni abaixo alguns dos que já ofereci (a este sobrinho e a outras sobrinhas "de coração") que ficaram no meu lote de favoritos. Um deles faz jogos de sombras, outro explica a vinda de uma mana, outro é um grande hit entre a miudagem e creio que tem a ver com os sons! Todos escolhidos com carinho para uma pessoa e uma situação, recomendados com honestidade.
Se eu estou ansiosa para ter filhos? Ainda não. E para lhes fazer uma biblioteca? Absolutamente! Aproveitando que é quase Natal fiquem então com estas sugestões: um livro é sempre um bom presente.
Uma última dica: algo que me baralha muito nos livros - como nalguns brinquedos - é saber se já são adequados para a idade. Claro que podemos sempre oferecer com antecipação e às vezes mesmo fugindo à tabela do que é adequado para as crianças (pois todas têm os seus próprios ritmos e podem já ler livros mais avançados ou aproveitar bem os que são pensados para uma idade menor), mas é bom ter uma noção. Então neste link podem ver os conselhos do Plano Nacional de Leitura, para saberem o que é adequado para cada etapa.