Nasci numa aldeia nas redondezas de Leiria. Não muito longe do centro, só o suficiente para depender do meu pai ou do autocarro para lá chegar. De forma que sempre tive em mente um micro-objetivo, uma coisa fútil, pequena, mas simbólica: morar a distância a pé de um cinema . Coisa que aconteceu assim que me mudei para Lisboa e tinha dois à disposição: o Fonte Nova* e o Colombo (ia ao cinema pelo menos duas vezes por mês).
Quando me mudei para Espinho fiz o mesmo. Além de querer saber se tinha a uma distância aceitável uma Brasserie de L'Entrecôte (tenho, na Foz do Porto - e é o meu restaurante favorito) quis saber se tinha um cinema na cidade. E tinha. Um filme por semana, mas chegou para me apaziguar. É aquele tipo de "sinais" que às vezes procuro, mesmo que não acredite em nada que nenhuma força maior que eu.
Quantas vezes fui ao restaurante na Foz? Nenhuma.
Quantas vezes tinha ido ao cinema desde que me mudei para cá, há meses? Uma e foi no Arrábida Shopping, numa tarde horrível, cheia de adolescentes barulhentos, a ver o IT, só mesmo porque estávamos completamente a ressacar de cinema e queríamos ver o filme.
Esta terça, nem foi tarde nem cedo, foi o momento. O filme em exibição era "O Crime no Expresso do Oriente" e lá saímos para experimentar a medo, o Multiusos de Espinho.
Há quanto tempo não vos acontecia irem ver um filme que começava à hora marcada? Sem trailers, nem publicidade, nem o diabo a quatro. Aconteceu-nos no Multiusos. E eu que já estava louca com o tamanho do ecrã (enorme), a pouca companhia na sala e o cartãozinho de 10º bilhete grátis que nos deram na bilheteira, parecia louquinha com um sorriso de orelha a orelha.
Por estas bandas, acabou-se a fome de cinema. Vai voltar à rotina.
Encontrei "o" sítio em Espinho. Vou-me perder aqui muitas vezes certamente, na Pão de Dó. Um espaço giro (tem um piano!), moderno, com bebidas e petiscos saudáveis, biológicos, feitos artesanalmente. Um espaço que tem brunch! Um espaço que tem as opções que o Moço procura sempre (leite de soja, pão de centeio...). Mas também...um espaço cheio de delícias açúcaradas. É criminoso dizer que são porcarias (não são, não são, não são) mas estão certamente proibidas nos meus 66 dias sem açúcar. Fiquei a namorar os scones, as panquecas, os éclairs, os brigadeiros e os donuts (acho que até vou sonhar com os donuts).
Como contei, está a ser extra-difícil manter a resolução dos 66 dias em "dieta rigorosa e excecional", privar-me de coisas que nunca na vida tinha limitado, nesta nova fase. Não só por ser especialmente stressante (preciso de CHOCOLATE), como pelo facto de estar numa terra nova e apetecer experimentar as especialidades da zona (francesinhas? raivinhas? gelados do Esquimó? bolas de berlim da Aipal?).
Agora vai ser AINDA MAIS difícil resisitir às maravilhas doces (e salgadas) da Pão de Dó. Como vou querer continuar a passar lá para o Latte ocasional (com café moido na hora), entre outras opções que têm bem saudáveis, creio que é castigo para mim que não tirem os donuts, brigadeiros e éclairs da montra. Portanto, se não querem fazer isso, a minha proposta é que - no mínimo! - me preparem um pack de doces para o final dos meus 66 dias de sacrifício. Que acham? Quem apoiam? Sintam-se à vontade para deixar a vossa mensagem de apoio ao meu açúcar no sangue nos comentários desta página ou na página da Páo de Dó! Ahahaha!