Se olhar para as checklists gerais, o meu ano de 2019 foi uma desilusão. Um ano perfeitamente blé. Não me separei, nem me casei. Não tive filhos, nem adotei um animal. Não mudei de casa, nem de trabalho. Não cumpri nenhum grande sonho, nem ocorreu nenhuma grande desgraça. Nem sequer fiz uma viagem fora da Europa. Por que será então lembrado este ano? Se não é pelas grandes, será pelas pequenas. E vejamos se são tão menosprezáveis assim.
2. Jantei no Museu de História Natural de Londres. Por esta não esperavam, pois não? Mas aconteceu, e apesar de ter sido um buffet (odeio comer de pé) foi uma experiência incrível que os ossos no meu prato não fossem a coisa mais morta que constava do meu cenário de jantar, contando com os espécimes nas paredes e pendurados acima da minha cabeça. Agora que penso nisso, talvez não fosse uma experiência excelente para vegetarianos.
3. Visitei bons amigos na Bélgica (mesmo a tempo de se mudarem para o Lux de Benelux) e com isso conheci sítios maravilhosos (não apenas a casa de Waffles onde me levaram em Bruxelas, mas também as encantadoras cidades de Bruges e Dinant (também fui a Ghent e Antuérpia).
4. Conheci o pão-de-ló da minha vida. E não fica em Ovar: fica em Quintadona, na Casa da Viúva Winebar. E não foi da gula nem da fome que ele me encantou, porque quando o trouxeram para a mesa eu estava tão anafada das delícias anteriores que jurava que nem conseguia morder uma pastilha.
5. Comecei a escrever num bloco de notas reutilizável. Comprei um Infinite Book na FNAC, na senda ecológica e minimalista que me assolou este ano (que é para continuar). E não é que dá um jeitaço? Para quem, como eu, está sempre a escrever checklists e tirar apontamentos rápidos (e o meio digital nem sempre serve), é ideal. Acabei já por comprar outro online no site da marca e tenho um para apontamentos pessoais (liso, mais pequeno) e um para o trabalho (que tem páginas de notas pontilhadas e de planner semanal), que espero que durem muitos anos. Escrevo, apago (tiro foto antes e arquivo se for algo para durar mais, o que é raro) e reutilizo.
6. Passei noutro cenário de Game of Thrones com a minha irmã, que aceitou ir comigo apesar de me conhecer há para cima de 20 anos. Que é outra forma de dizer que estive em Sevilha, a apanhar os melhores (únicos?) dias de verdadeiro calor deste ano e um dos pontos mais bonitos de visitar foi o Real Alcazar, que foi Dorne em GOT. Outro foi a Praça de Espanha que em Star Wars é o palácio de Naboo, por isso escolhem o vosso lado geek favorito.
7. Destronei a minha ex-francesinha favorita pela nova campeã: na Taberna Belga em Braga. Molho cremoso (os puristas não admitem que seja francesinha, atenção), carne de chorar, batatas caseirinhas. O que mais pode querer uma gulosa? Experimentei várias outras, mas no meu palato nenhuma chegou aos calcanhares desta.
8. Conheci o sítio do wallpaper da minha televisão. Chama-se Hallstat e foi só um dos pontos que visitei com uma boa amiga em viagem à Áustria (quando cometi novamente o pecado de viajar sem marido). Mas que ponto! Esta fui eu que tirei, exatamente com o mesmo enquadramento da que namorei meses e meses.
9. Andei no comboio Histórico do Tua! Ganhou claramente o duelo VS cruzeiro do Douro e fica como experiência para recordar para sempre. Acabei cheia de fuligem, com 5 rebuçados da Régua na boca ao mesmo tempo e feliz.
10. Tornei-me fã de podcasts. Comecei a ouvi-los a caminho de todo o lado, usando a minha app favorita (Castbox) e gostei tanto que um dia, sem pensar muito, comecei o meu próprio podcast a que chamei Mensagem de Voz (disponível no Spotify e no Castbox). Alguns dos meus podcasts favoritos são Terapia de Casal, Couple's Therapy (não são o mesmo, juro), Projeto Piloto e One Step.
11. Desci à Lagoa do Fogo. Que é como quem diz, apaixonei-me por São Miguel. E que na verdade conheci 6756 lagoas. Foi uma viagem de uma semana - a mais longa deste ano - e deixou-me vontade de conhecer todas as ilhas. Acompanharam no Instagram? Continua nos destaques do perfil @mariadaspalavras, bem como as outras viagens de 2019. Já subir da Lagoa do Fogo, foi uma experiência menos boa, graças a Deus não faleci, mas esteve por pouco, porque ainda não foi este ano que me tornei fit.
12. As minhas séries favoritas foram séries documentais. Vi Chernobyl na HBO e When They See Us na Netflix e, senhores, corram se ainda não viram. Poucos episódios, marcantes, que revelam prismas reais da nossa sociedade em que nos habituamos a pensar ao longe.
Para quem não sabe ainda - porque comete a terrível falha de não me seguir no Instagram (shame 🔔🔔🔔 shame 🔔🔔🔔 shame 🔔🔔🔔) - este fim-de-semana fomos laurear a pevide para a zona do Luso. No destaque do perfil do Instagram de seu nome LUSO (criativo, hein?) podem desde já acompanhar algumas imagens que não serão aqui publicadas, mas mais à frente também publicarei no blog infomação organizadinha acerca de onde ficámos, onde comemos, o que visitamos e o que achámos.
Facto é que ficámos num palácio onde entre restantes hóspedes e mobília éramos bem capaz de ser as peças mais novas (atenção, que recomendo) e continuando nos programas de pseudo-terceira-idade decidimos (digo eu, como se fosse uma vontade do momento e não algo que tinha planeado há 3 meses quando marquei a estadia) fazer um tratamento termal. No caso, um Duche Vichy, que nunca tínhamos experimentado. Havendo três hipóteses de Duche escolhemos antecipadamente o Duche Vichy com Chuva Hidratante. E sabe Deus como saímos de lá hidratados até ao tutano.
Passo já para o fim: adorei o tal do Duche. Não sabíamos ao que íamos, tinha até ideia que poderia ser só eu e uma sala com chuveirinhos a pingar à vez, a fazer o trabalho sozinhos, estilo lavagem-automática, mas com um bocadinho menos de espuma. Nada disso. Pelo menos aquele que escolhemos nas Termas do Luso. Resumindo muito é isto: uma senhora dá-nos banho. Sim senhor, temos os aspersores a pingar, que ela vai dirigindo para uma zona ou outra, mas ao mesmo tempo ela vai esfoliando e massajando o nosso corpitxo ao longo de uma meia-hora. Isto tudo numa espécie de maca-banheira, primeiro virados para cima, depois para baixo - mas não se preocupem, é uma banheira baixinha, que não permite o afogamento quando estamos virados para baixo com a cabecinha no seu descanso próprio.
Tenham então três coisas em mente ao avançar para um Duche Vichy:
1. Esvaziem bem a bexiga antes. Não só a massagem completa pode causar apertos na zona abdominal para os mais incautos, como - e mais importante - vão ouvir água a correr durante 30 minutos seguidos. Sabem quando dizem que estão aflitos e alguém maroto faz SSSSHHHHH? Isso. Sem parar.
2. Vá, não sejam tímidos. Assumam que alguém vos vai dar banho. Basicamente temos direito ao tratamento que os bebés têm quando são pequeninos e os pais têm de os banhar, mas com mais noção do relaxamento que isso pode dar. E com mais chuveiros. E a mãe também está de fato-de-banho. E tem umas mãos mágicas que conhecem os pontos de pressão. E a sala está alagada, mas é porque é suposto e não porque não parámos quietos com os pés e chapinhámos tudo (eu chapinhei um bocado, porque tenho muitas cócegas nos pés).
3. Se não lavaram atrás das orelhas, no buraquinho do umbigo ou no interior da alma...não temam. Depois do Duche Vichy, entre a esfrega da esfoliação com massagem, e os jatos de água em todo o lado, não há mofozinho que sobreviva no vosso corpo. O que sei é que comecei por olhar a rapariga do tratamento como inocente massagista e saí como se partilhássemos um segredo obscuro.
Não sei se disse, mas a seguir a mim ia o Moço - e eu deixei-o ir, o que prova que não sou ciumenta. Só tive tempo de o avisar baixinho: é uma massagem mesmo muito completa.
[Note-se: foi um tratamento delicioso e recomendável, feito por uma profissional (assistida pelos seus chuveirettes), de forma profissional. Já fizemos muitas massagens em locais diferentes com tipos de sensações diferentes envolvidos - pedras quentes, aromáticas, óleos e afins - mas este de água do Luso, com as mãos hidratadas da menina, fica sem dúvida no nosso top. Não vos dê o meu relato, que pretende ser divertido, liberdade ordinária criativa.]
Calma: eu explico. Eu e o dono do tasco A Minha Namorada Apanhou o Bouquet decidimos fazer um post em colaboração (ou dois) mostrando alguns fenómenos do ponto de vista de um homem e de uma mulher – ver como somos diferentes ou descobrir as semelhanças, no fundo. Esta é a nossa primeira colaboração na rubrica #MouF (e não será a última se me disserem que gostaram).
Decidimos inscrever-nos no Tinder. E analisar a boa desta app à luz dos nossos olhos de hormonas diferentes. Não combinámos nada senão que nos iríamos inscrever e falar sobre isso, para não condicionar a nossa perspetiva. Como correu? Para ele foi assim. Para mim..continuem a ler e já descobrem.
Esta é mais uma daquelas coisas que provavelmente não teria experimentado se a Odisseias não existisse. Sei que é difícil convencer o Moço para alinhar comigo em experiências de muita adrenalina, mas ele não foi avesso à ideia quando lhe mostrei este voucher. Aproveitei para marcar logo, antes que ele mudasse de ideias. No final de contas quem quase mudou de ideias fui eu...eu explico!
Experimentar uma Moto 4 pelas paisagens de Santarém, com o Moço, pela mata, parecia-me uma ideia idílica. Desde a marcação percebemos que o Carlos era a pessoa certa para fazer esta experiência. Além de ser super simpático e ter conseguido arranjar para nós uma data que nos coubesse no calendário garantindo sol (acabámos por ir com mais algumas pessoas no grupo, dois em cada moto - mas durante mais tempo - e não me arrependo nada) sabe muito sobre o assunto. Não apenas de mecânica, mas de regras de segurança. Sabia aconselhar, explicar e dizer-nos como haveríamos de tirar o máximo partido daquela aventura. Ora o Carlos também está habituado a alguns participantes mais atrevidotes e fez uma série de avisos acerca de coisas que podem correr mal se formos armados em galifões. Eu não sou de me armar em galifona, mas sou meio naba e por esta altura, olhando para a bicha-moto já dizia baixinho ao Moço: se calhar vais sempre tu a conduzir.
Antes de começarmos fizemos todos primeiro umas voltinhas no ponto de partida, em oitos às árvores. Fui logo a primeira. Pensei: mais vale saber já se me aguento à bronca. Pronto. Adorei. Em vez de deixar o Moço conduzir o passeio todo (que foi cerca de uma hora) fui logo eu a conduzir a primeira metade e tudo. Gostava de vos mostrar a minha perícia, mas o Moço não quis filmar enquanto andávamos. Pensando bem até é melhor assim, porque certamente me iam querer contratar para competição e eu não me quero meter nisso. Mas eu filmei, quando ia sentada atrás dele, ele a conduzir, vejam lá só um bocadinho:
Passeámos, vimos tocas de raposas e ratos dos campos, subimos, descemos, rimos. Logo combinámos que haveríamos de repetir, levar mais amigos - sei que vão adorar também. Deixo-vos o conselho de experimentarem também (e aconselho vivamente a M4). Mesmo que achem que não é bem a vossa praia, podem ir a dois, como eu fiz, experimentar e se houver medinhos ir só à boleia, que também é bem bom. E, claro, é mais uma bela sugestão para oferecer no Natal, já que todos os dias me tem chegado uma catrefada de gente ao blog a pesquisar por prendas para homens.
Esta experiência está disponível com este voucher e incluída em vários packs Odisseias, nomeadamente o Boas Festas:
Vai ser uma vergonha, porque é que me meti nisto? Com a mania de experimentar coisas diferentes e agora vamos falhar tudo, vai ser uma miséria. Em vez de sair da sala em uma hora vamos ficar bloqueados no primeiro cadeado e em vez de me sentir a Lara Croft, vou-me sentir a Lara Flop. Vou perguntar ao senhor se tem cláusula de confidencialidade, para garantir que não vai publicar no Facebook sobre aquele grupo que parecia uma formiguinha desorientada que se perdeu do carreiro e precisou de uma equipa de salvamento para sair de uma salita.
Sentimento durante o jogo: (...) Nada. Uma pessoa começa a jogar, a ver pistas, a descobrir chaves e a mente não dá para mais nada, não pensa no tempo, não pensa se consegue: joga! Nunca se bloqueia por estamos a ser vistos e ouvidos pelo Game Master que assiste com algumas pistas via walkie-talkie dando ainda mais um ar de missão à coisa. É tão bom. Que se lixe a vergonha, estou-me a divertir.
Sentimento à saída:
SAÍMOS!! SOMOS OS MAIORES! SOMOS OS MAIORES! SOMOS OS MAIORES!
Fizemos um bom tempo!? A sério?! Podemos fazer já a outra sala de desafio?! Não? Então vamos subir o Marquês! Iuhuuuu!
Esta foi uma das experiências mais supreendentes que fiz com a Odisseias. Podem encontrá-la aqui - aconselho vivamente. Juntem uns quantos amigos e arrisquem. Passem um bocado diferente. Se não adorarem podem vir cá chamar-me nomes (e aposto que isso não vai acontecer). Eu gostei tanto que entretanto até já fui fazer mais um Escape Game. E hei-de voltar a esta Mistery Escape Game Lisbon para fazer o segundo mistério - fizemos o do Vinho do Porto (com direito a cálice no fim) e ainda ficou por fazer o dos Descobrimentos, que é de nível avançado.
As salas têm horário alargado (última entrada às 23h) e portanto essa desculpa não há. Também há em várias cidades (oferta ativa no Porto aqui e em Torres Vedras aqui) e existem várias outras salas de Escape em Lisboa (diz o Manel que se dão todos bem). E não deve estar a mentir que o Manel é fixe. Numa parte do jogo queixei-me da balança pré-histórica que fazia parte do cenário e desabafei que devíamos ter uma balança da Bimby. Ao que a voz do além (o Manel, através do walkie-talkie) responde: "muito caro".
De borla até injeções na testa. Então e se for um pack Odisseias? Com acesso a promoções de norte a sul do país em várias experiências de sonho, nomeadamente algumas? Toca a participar que quem oferece sou eu e só vos custa uns "likes" e três linhas no formulário abaixo (sem partilhas, para verem como sou vossa amiga - às vezes). Temos de nos inspirar para pôr a render os prolongados meses de bom tempo que nunca mais chegam, mas certamente se aproximam e as coisas boas da vida estão todas (quase) dentro de uma caixinha como esta que tenho para um de vós.
O pack inclui 200 experiências a metade do preço, de norte a sul do país. 50 estadias em hotéis, 50 restaurantes, 50 spa's e 50 aventuras. Eu e o Moço já temos o nosso no porta-luvas e às vezes de forma planeada, outras vezes espontâneamente por estarmos na imediações, acabamos a usar o pack e a experimentar restaurantes ou atividades que não faríamos de outra maneira.
As regras são simples:
1. Gostar das páginas de Facebook Maria das Palavras (esta) e Odisseias (esta) 2. Deixarem um like ou reação ou comentário neste post de Facebook, assim mesmo à vontade do freguês que isto é só para verificar mais facilmente o user de Facebook que mencionarem no formulário abaixo. 3. Preencher o formulário abaixo até ao final do dia 10 de Junho. 4. Esperar que seja o vosso nome o sorteado pelo Random.org a 11 de Junho.
O nome do vencedor será publicado no blog e contactado por email nessa mesma data - 11 de Junho. Terá até 20 de Junho para responder para o email do blog, dando a morada para que eu proceda ao envio do prémio. Isso ou vou oferecer o pack a um dos meus amigos da "vida real" que já se queixam que é sempre tudo para vós e me rogam pragas perigosíssimas.
Quando me convidaram para ir ao kartódromo por ocasião do aniversário daquele amigo, não pensei duas vezes: claro que sim! Nunca tinha andado de karts e sou menina dada a experimentar sensações novas. No entanto, à medida que a data e hora se foram aproximando, muito especialmente naquela meia hora anterior à corrida a olhar para outras pessoas na pista, o meu medo foi crescendo.
Medo de morrer? Ter um acidente? Magoar-me? - perguntam vocês.
Medo de fazer figura de parva - respondo eu.
É que, pensado bem, a morte é inevitável, mas fazer figura de tola não. Pelo menos posso baixar o grau de probabilidade de o fazer. Em todo o caso já tinha dito que ia e considero que desistir também é fazer má figura, pelo que avancei. Convencida de que ao menos era uma experiência nova e que na pior das hipóteses faria o caminho todo a meio kilómetro à hora - paciência! -, já me tinha certificado que ninguém esperava mais de mim. Baixar as expetativas é chave em tudo na vida, digo-vos eu.
O primeiro percalço foi, aliás, logo em casa quando o Moço sugeriu que calçasse ténis para ir ao kartódromo. O quê?! Vou ter de sair da minha zona de conforto e também do meu calçado de conforto? Nem pensar. Concordámos numas botas velhas, rasas, de atacador e juro-vos que logo ali me subiu um pouco a confiança (tinha experimentado antes as sapatilhas e já me estava a sentir uma criança de sete anos - já sei que sou uma esquisita).
Mas vamos ao kartódromo. O grupo de amigos nossos que correu antes teve de tudo: despistes, piões, amigas minhas que odiaram a experiência e foram sempre devagar a rezar que acabassem os 15 minutos. E eu pensei: pronto, está tudo visto, pior não hei-de fazer e se fizer igual não me envergonho. Lá segui o senhor que nos deu toucas de papel para esconder o cabelo antes de enfiarmos o capacete e gracejei "que bom! dá para andar de karts e fritar rissóis". Ninguém achou graça. Fi-lo prometer que alguém me acudiria se ficasse parada na relva (mal sabia eu). E vamos a isso, que se um par de canalizadores consegue, eu também (falo de Mário e Luigi, na Nintendo).
Assim que entrei no kart, e vi como aquela porra é tão chegada ao chão, comecei a fazer um check mental em "coisas que experimentei uma vez não-sei-como, mas se calhar já não repito". O senhor vai pondo os karts à minha frente a funcionar e eles vão arracando, com banda sonora de corta-relvas. Quando chega à vez do meu...o kart não pega. Pois é, arranquei devagarinho praí à quinta tentativa, o medo do kart se incendiar juntou-se ao medo de fazer figura de tola. O sacana do carrinho corta-relva falhou-me mais duas vezes! Ao longo do percurso, ainda na primeira volta, lá falhava e eu esperava pelo senhor que vinha a andar na pista e me ajustava qualquer coisa, voltava a dar à corda e eu arrancava novamente. Bonito! Assim é que os 15 minutos iam passar depressa - comigo encostada à box.
Mas depois deixou de falhar. E eu fui ganhando confiança. Deixando de travar. Fazendo as curvas mais a abrir. Acelerando a fundo nas retas. E quando o tempo acabou, estava preparadíssima para recomeçar, agora a todo o gás, e fazer melhor que da primeira vez. Conclusão: recomendo vivamente. Como disse uma amiga que experimentou antes de mim: o segredo é perder o medo. E como podem ver nas fotos acima, tenho um estilo que arruma a um canto o próprio Fittipaldi.
Está decidido que repetirei a experiência. Resta-me só decidir agora que castigo aplicarei ao Moço por me ter ultrapassado quase no final da corrida...
Moro à volta dela há uns dez anos: primeiro de um lado, depois do outro. Estive para ir lá cerca de muitas vezes. Nunca fui. Filmes em exibição há 30 anos, imagine-se. No último andar a contar de cima de um centro comercial pequeno, antigo mas cuidado, com lojas de nicho. Muitos filmes europeus, mas também passam os da moda. Poucos de cada vez: duas ou três salas? A bilheteira cá em cima, os filmes lá em baixo.
Íamos a medo: esta sim seria a primeira vez. E se ninguém vai lá e é uma sala descuidada, com lixo, sei lá?...E se o ecrã não tem definição, o som não tem qualidade?...Que se lixe. Já é tarde para adiar outra vez.
A senhora pára a conversa com a menina da banca de revistas e entra na divisória para nos vender um par de bilhetes. Sem nos culpar por lhe interrompermos a sessão de codrilhice. Nós divertidos com aquela bilheteira sem filas, os lojistas à volta continuam a conversar amenamente uns com os outros.
Lá em baixo a porta da sala já está aberta e há ninguém para nos receber o bilhete. Entramos a medo. A sala simples e arrumada tem um perfume fresco. Não é mais pequena que as pequenas dos grande shoppings. Sem lugar marcado. Poucas pessoas espalhadas pelos melhores lugares. A maior parte das pessoas veio só consigo. A senhora da bilheteira espreita para reconhecer sentados todos os que lhe pagaram o ingresso.
E começa o Samba. Sem publicidade. Sem intervalos. Sem barulho de pipocas. Sem luzes de smartphones. E acaba o Samba.
Voltamos a pé, satisfeitos: o caminho desta sala de cinema para nossa casa pode fazer-se a pé e para mim isto é muito da felicidade. Voltaremos tantas vezes quando pudermos, ó Cinema Medeia do Fonte Nova. Sobretudo em noites de Verão, a pé, pela mão um do outro. Provavelmente, eu levarei um gelado que ele me oferece a caminho. Prometo que o devoro antes de entrar na sala, onde é proibido comer. Espera e vais ver.