Quando um dia depois das férias...
...já fizeste o suficiente para quereres ir de férias outra vez.
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...já fizeste o suficiente para quereres ir de férias outra vez.
O meu pai perguntou-me quando eu estaria de férias. Só porque sim, por estarmos perto do Natal. Quando começaria a pausa, perguntou-se ele. Uma pergunta que me causou estranheza. Férias de Natal tiram-se na altura da escola. A vida agora não pára para eu passar uns dias aninhada a ver filmes no sofá, sem mais responsabilidades. Uma pergunta tola, "ó pai, que pergunta, já não há isso de férias de Natal".
E agora que estou afincadamente a trabalhar em tudo o que tem de ser feito esta semana, lembro-me da pergunta do meu pai e faz sentido, afinal. Não queria estar a fazer nada que não fosse gozar esta altura encantada do ano. Em que tudo são luzes, passeios frios, lareiras quentes, família, amigos e postais trocados. Quero parar que seja uma vez por ano para apreciar isso. E apenas um fim-de-semana mais o dia 25 parece pouco para apreciar as coisas mais importantes da vida.
8.09.2016
A ideia de ir fazer o cruzeiro na Albufeira do Caniçal foi com os porcos porque é quinta e o barco só arranca (sem outras marcações de grupo) às quartas e domingos. Claro que podíamos pagar 90€ e fazer na mesma sozinhos...Ahahahahah! Vamos antes ver a Ponte de Misarela.
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Estamos a almoçar num sítio muito bonito, com videiras a fazer sombra e um espigueiro por companhia. A comida é boa mas o homem (dono) não se cala. Quer impingir-nos de tudo: comida, estadias, filosofias de vida e eu só quero comer sossegada.
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Acabou de pisar o limite ao dizer para eu não ter vergonha e agarrar o cabrito à mão para comer, senão não estava a comer nada. Não há nada que me ponha um raio laser nos olhos mais rapidamente do que alguém a julgar o que como, quanto ou de que forma. Já só quero sair daqui.
Já íamos a sair quando o homem vem atrás de nós porque queria à força toda que levássemos um cartão, apesar de repetirmos que já íamos embora na manhã seguinte. Pedi ao Moço que fosse lá buscar o cartão, enquanto revirava os olhos, fartinha. Só voltou passado um bocado porque o homem o fez entrar no alojamento associado ao restaurante para lho mostrar. Carraça minhota, porra! Ainda voltou com ele ao pé de mim para dizer para eu tomar bem conta do Moço que era bom rapaz. Já disse que não gosto que me dêem conselhos sobre o que como. Juro que ao entrar no carro olhei por cima do ombro para ter a certeza que o homem não tinha entrado para o banco de trás.
Vamos passar a São Bento de Porta Aberta e depois quero passar o resto da tarde a ler junto à piscina. Estou farta de pessoas até ao cruto da cabeça. Só por causa do homem.
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E eu a achar que o almoço tinha sido insólito. Viemos jantar a outro restaurante. Como picanha. Na mesa ao lado está outro casal, a uma distância respeitável mas o suficiente para nos ouvirmos. No fim, estamos à espera dos cafés e o rapaz da outra mesa pergunta se pode acabar a minha picanha...Nunca um estranho tinha querido acabar o meu prato num restaurante. Muito menos um que já tivesse sorvido uma francesinha inteira. Fiquei meio sem reação, mas claro que disse que sim. A namorada nem se envergonhou com a lata dele e eainda disse que ele era brasileiro e tinha saudades de picanha...argentina. Ele não tinha saudades, tinha era fome. A seguir acabou a travessa de bacalhau dela.
9.09.2016
Normalmente gosto de tudo planeado com antecedência, mas esta estadia marcada em cima da hora até calhou muito bem! Já comi um éclair e na Leitaria da Quinta do Paço, como me aconselharam, mas ficou tudo a olhar para mim porque tirei o chantilly com a a colher do café. Opá, não gosto de consistências moles, não me chateiem.
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Pronto, estou condenada a ser olhada de lado à hora das refeições e somos oficialmente o casal menos in do pedaço. Fomos ao famoso e premiado Café Santiago, que ostentava uma fila por suas francesinhas. Passámos à frente de toda a gente por sermos só dois. E depois nenhum de nós comeu francesinha. Mas comi um cachorro de babar (ando com desejos de cachorro quente desde que fomos à festa da terrinha do Moço e a senhora que costuma estar lá a vender uns cachorros especiais muito bons, não estava).
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Sérgio Godinho e a Orquestra de Jazz de Matosinhos ao vivo e de borla na noite da Avenida dos Aliados. Uma maravilha. Mas já me lembrei porque é que não vou a muitos concertos gratuitos em Lisboa. Têm pessoas.
10.09.2016
Não estive em Lisboa durante a Feira do Livro de Belém o que foi bom para a minha carteira. Estou no Porto durante a Feira do Livro nos Jardins do Palácio de Cristal o que foi mau para a minha carteira.
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Entre os milhares de livros e o facto de ser um jardim agradável já estamos aqui há umas horas. Almoçámos (mal) no restaurante improvisado da feira. Quando o Moço perguntou do que era a sopa responderam Penca. Ele ainda pediu para repetirem. Eu não me quis fazer de ignorante e disse que sim, que queria uma. Fiquei muito feliz quando percebi que era soupa de couve e não de nariz (ou focinho).
[Podem ler ou reler a primeira parte aqui.]
6.09.2016
O pequeno-almoço estava cheio de coisas acabadas de fazer. Por exemplo tinha uma quiche muito bonita. Mas fiquei meio assustada quando a senhora do alojamento entra, vê a quiche ainda por provar e diz entre o ameaçador e o simpático que "a quiche é para comer". Senti-me novamente na cantina da escola. Não comi quiche.
A mesa de pequeno-almoço é grande, tipo mesa de sala de jantar, para todas as pessoas que lá estão alojadas. Normalmente não gosto disso que o ambiente fica estranho, mas desta vez gerou-se conversa e trocaram-se dicas pelo que até gostei. Fiquei a saber que a cascata do Arado está seca. Peninha, mas há outras.
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A sala de convívio tem mesmo muitos jogos, além dos matraquilhos e mesa de snooker, entre os quais Monopólio e Mikado. Já decidi que se a senhora do alojamento me quiser obrigar a comer coisas que não me apetecem ao pequeno-almoço lhe espeto pauzinhos de Mikado nos olhos. Brincadeirinha...que ela pode ler isto.
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Estão 41º à sombra pelo que viemos almoçar a um snack bar para uma refeição leve. Pedi um cachorro quente e veio mascarado de francesinha. Queijo em cima, molho e tudo. Lá se foi a refeição leve.
7.09.2016
Como a nossa porta do terraço dá mesmo para ao pé da piscina ontem desafiei o Moço para um mergulho noturno. Ele primeiro não acreditou que eu estivesse a falar a sério, mas depois chamou-me maluca e vestimos a roupa de banho para ir. Entrou na piscina e eu fiquei de fora a sentir a água fria com o pézinho. "Já não vens, pois não?" Não fui, tinha frio...ele tomou banho sozinho. Ops. Um dia deixas o teu homem sozinho à noite numa piscina. Ontem foi o dia.
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Fomos à cascata da Portela do Homem. Mais uma vez o caminho é íngreme e é preciso fazer alguma jingajoga a subir e descer pedras e ter muito cuidado. Vi como os outros faziam e fiquei convencida que chegava lá sem partir os dentes da frente. A partir dai foram só duas horas para convencer o Moço a vir também. Quando finalmente me disse chateado "se vais, vou contigo, mas espero bem que não corra mal!" virei-me à pressa e rasguei um dedo num espinho de uma amoreira. Ainda bem que não acredito em sinais. Ou pragas. Nadar numa cascata é qualquer coisa de fenomenal.
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Fomos a umas piscinas termais do Rio Caldo para o lado de Espanha. A água estava literalmente a 40º (tal e qual como quando tomo banho, até fiquei de pele vermelha e tudo). Não queria sair de lá. O que me convenceu foi sentir que estava a apanhar calor e doenças ao mesmo tempo (com tanta gente naquela água quente e parada). Creio que senti algumas infeções a desenvolverem-se, mas saí a tempo.
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1.09.2016
Surpreendemos a minha avó no dia do seu aniversário. Ela estava na praia com os meus pais e nós chegámos antes (enquanto ela bebia café junto à marginal) e deitámo-nos ao lado do estaminé deles, com o nosso próprio estaminé montado (cadeira, chapéu, toalhas). Como ela não reparou em nós quando chegou - estávamos deitados para baixo, com a cara virada para o outro lado - o meu pai começou a fazer graçolas a dizer que aquele casal ali ao lado - nós - não precisava ter-se posto tão em cima do espaço deles. Depois fez sinal à minha avó que ia roubar a nossa cadeira e assim fez, para pânico dela que começou a fugir envergonhada em direção à beira-mar, assumindo que o meu pai estava mesmo a tirar os pertences a um casal de estranhos. Nessa altura levantámo-nos e ela viu que éramos nós e fez-me uma placagem digna de NFL, com a felicidade de estarmos ali.
2.09.2016.
Hoje seguimos mais para norte para estar com a família do Moço. Levamos bagagem para 4 anos e só vamos estar fora 9 dias.
3.09.2016
Temos um despertador novo. Chama-se "sobrinho de dois anos" e de manhã, por saber que também estamos lá por casa, começa a chamar "tiooooooooo", "tiaaaaaaaa".
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Não me perguntei como fiz, mas dei com um pé no outro e rasguei um bocado de pele do calcanhar com a unha, qual Wolverine. Até jorrou sangue. Juro que tinha as unhas cortadas. Fiz a minha sessão de aeróbica ainda há dois dias (tenho muitas cócegas nos pés, já disse?).
4.09.2016
Entrou uma abelha do tamanho de um burro na cozinha dos avós do Moço. Atrás dela um abelhão de tamanho gigante-normal. Fiz a coisa sensata: pegar na criança e esconder-me no quarto. À falta de ferramentas apropriadas o Moço atordoou-a com laca da avó e apanhou-a com uma tenaz da lareira. Mas havia toda uma equipa de resgate: ele, o irmão, a mãe, a cunhada, os avós...mais gente que a combater os fogos.
5.09.2016
Hoje marchamos para o Gerês para um pouco de descanso e passeio a dois. O que é bom porque já assisti a pelo menos 23 procissões, mas apesar de ser tudo gente muito religiosa estão ansiosos para fazer de mim mãe solteira. Achei que ia tolerar as perguntas de "para quando um bebé" com relativa graça, até alguém me perguntar se eu já estava efetivamente grávida por estar mais gorda. Morri.
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Desorientámo-nos a caminho do alojamento no Gerês. Admiro o meu pai e avô que viajavam connosco por todo o país sem GPS. Eu perco ligação do Google Maps por 20 segundos e considero que estamos perdidos para todo o sempre.
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O quarto é lindo! Está tudo tão impecável que desfiz as malas todas (apesar de só cá ficarmos 4 noites e uma vai a meio) e arrumei as coisas nas gavetas e armários. Tudo. Depois escondi as malas que não cabiam nos armários atrás do cadeirão para não fazerem o quarto feio e desorganizado. O Moço está ligeiramente assustado com o meu ataque de OCD.
Guardamos sempre uns dias de passeio para Setembro. Muitos já foram de férias e vieram exibindo o seu bronze e o seu sorriso. Ambos se vão desvanecendo com o passar das semanas. Nós vamos agora buscar os nossos (sorrisos apenas que aqui o bronze não se pespega, apesar da opinião da doutora). Hoje vamos andar por Sesimbra (só um saltinho), depois subimos às festas da terrinha no Norte, passamos uns dias no Gerês e fazemos pit-stop em mais um par de sítios na descida para o regresso a Lisboa. Vêm conosco? O diário de bordo, vai-se fazer mais no Instagram e no Facebook do que aqui. Mas o blog não fica ao abandono, prometo. Tenho sempre tantas palavras a transbordar...
[Já devíamos ser melhores. Pessoas que não usam protetor - de todo ou ao fim de uns dias porque já estão morenas (??). Pessoas que só frequentam a praia do meio-dia às três, sem qualquer tipo de chapéu. Pessoas que ensinam aos filhos estes mesmos hábitos. Sei que já disse, mas: já devíamos ser melhores.]
O que achamos que nos vão perguntar quando voltamos de férias:
Aquilo que de facto me perguntam:
1. Não vieste muito morena, pois não?
Lá diz o ditado (que acabei de inventar) que os precoces vão em Junho, os poupados vão em Julho, os populares vão em Agosto e os sábios vão em Setembro. Sábios porque os últimos a rir, riem melhor. E se é verdade que vão sofrendo enquanto vêem todos os colegas e amigos progressivamente virar de cor de lula a dourado invejável, têm sempre a tal semana em mente. Os outros vão ter de saber lidar precocemente com o fim das férias.
Felizmente estou cá para ajudar. Jovem, se regressaste de férias e te apetece mais enfiar a cabeça na máquina de lavar roupa em modo de centrifugação do que voltar à rotina, este texto é para ti. Segue os seguintes passos e faz uma transição mais suave:
Podia pedir desculpa pela dose de parvoíce desmedida neste post, mas como compreenderão, também estou a tentar sobreviver à TPF (Tensão Pós-Férias). Agora se me permitem, vou ali à despensa.
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