Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Maria das Palavras

A blogger menos in do pedaço, a destruir mitos urbanos desde 1986. Prazer.

17
Nov15

Final Alternativo: Cinderella

Maria das Palavras

Diz o conto que ela passa, lava e cozinha para a madrasta malvada e suas duas filhas megeras. Um dia vai ao baile no palácio, porque a ajuda uma fada a ter condições para isso. O príncipe apaixona-se de imediato, mas à meia noite desfaz-se o encanto e ela volta a casa, deixando para trás apenas um sapato de cristal. O prícipe percorre o reino com o sapato em busca da jovem que o calça para encontrar a moça que lhe roubou o coração. Quando isso acontece, vivem felizes para sempre.

 

Cinderella

 

Eu sei que é para ser conto de fadas, mas também não precisam brincar com a inteligência das pessoas. Primeiro, o príncipe não prefere a Cinderella às pseudo-irmãs por elas serem más, e sim porque são feias como bodes e a outra é uma loura toda jeitosa, que conhece logo numa noite em que está toda empinocada. Depois parece-me pouco provável que lá no Calçado Guimarães, onde a fada foi buscar os sapatos houvesse um número exclusivo, uma espécie de 37 e três quartos, que só serve mesmo a uma pessoa, que terá, não sei, sete dedos em cada pé para ser assim tão especial. Mas ignoremos isso. Foi o baile. E este é o fim mais realista para coisa: 

 

Então o príncipe quer pedir ajuda para encontrar a boazuda que o açambarcou no baile, mas ela não deixou mais pistas que um sapato em Swarovski (o cristal acessível ao povo). Tem vergonha, porque o pai bem o tinha aconselhado que precisava casar bem, que o palácio já estava prestes a ficar na ruína, depois de uns maus investimentos em extração de ouro em minas exploradas por anões. Portanto, mesmo sendo vítima de cataratas em fase avançada (o que explica que não reconheça a rapariga só de olhar para ela), o príncipe tem de confiar apenas em si, sem nenhum colaborador. Considera apalpar as mamas das candidatas até chegar àquelas que bem se lembra, mas já está a ver os escândalos na imprensa se alguém o apanha nesses preparos. Portanto pega no sapato, coloca os óculos fundo-de-garrafa que dispensava sempre em altura de festa e pôs-se a percorrer o reino.

Quando chega à casa certa, apesar das manas dondocas quererem esconder a Cinderella, ela faz-se notar, pois está a aspirar o corredor e entra sem querer na divisão onde está o príncipe com o seu sapato. 
Graças às cataratas ele nem nota que ela tem o cabelo todo oleoso de andar a fazer a lida da casa. Nem repara nas olheiras de ter visto Anatomia de Grey noite dentro e chorar porque o Derek morreu. O sapato serve à moça e ele, num impulso, feliz sobretudo por ter conseguido aquilo sozinho, pede-a em casamento.

Os tempos que se seguem são tramados: Cinderella contava com as jóias de coroa (já há muito empenhadas) para pagar as suas dívidas do site de dating que tinha usado (fadamadrinha.com) para conhecer o príncipe. Os problemas económicos não dissolvem, mesmo assim, o casal, que apesar do início conturbado e repentino aprende, de facto, a amar-se. Como qualquer pessoa que cresceu nas condições de Cinderella, com mommy issues, não é brilhante como mãe. Assim que as suas filhas gémeas (Odete e Caty) têm idade para isso, começam a ser vítimas de abuso psicológico, sendo obrigadas a participar em rituais de limpeza semelhantes a praxes academicas (pôr o chão da casa a brilhar usando apenas um cotonete e vinagre). O príncipe fecha os olhos a isto - ou melhor, as cataratas pioram.

 

Sigam-me no Instagram @mariadaspalavras, no Youtube aqui e no Facebook aqui.

10
Dez14

Final alternativo: A Bela e o Monstro

Maria das Palavras

Vocês sabem que eu sou uma miúda pragmática. Não gosto de histórias mal contadas nem de enganar as crianças.
A versão original é isto
:

A Bela é uma moça da aldeia que não se integra bem na comunidade: sempre de nariz metido nos livros, um pai que é um inventor falhado. Só o menino bonito da cidade, Gastón, parece admirá-la pela sua beleza: quer até casar, assim ela deixasse. O seu pai é raptado e vai para as masmorras do Monstro. Ela sacrifica-se e troca de lugar com ele. O Monstro é afinal um príncipe que por ter mau feitio foi amaldiçoado por uma bruxa. A não ser que provasse ter coração até ao cair da última pétala de uma rosa que lhe deixou (e gostava de saber em que florista a comprou que aquilo dura anos a fio) ficaria em modo Tony Ramos para sempre. Mas a Bela é tão fofinha que lhe aquece o peito e o faz ter coração. Entre outras aventuras e desventuras, perde-se o serviço de cozinha, pois a criadagem volta a ficar em modo humano, mas ganha-se um príncipe que descobriu a paixão. Foram felizes para sempre - claro.

Final alternativo | A Bela e o Monstro - Maria das Palavras

 

A história resume-se mais ou menos assim. Mas aquilo, mesmo para conto de fadas (o meu favorito, aliás), é muito pouco realista. Ele fica bonzinho só porque ela é linda e carinhosa, mas...não somos todas? E quantos bad boys já viram a converter-se? Exato.
Portanto eis o meu fim, dentro do género, mas com toques de realismo, para ninguém andar aí ao engano:

 

Portanto, a Bela fica em cativeiro no lugar do pai. Começa a ganhar confiança com o Pantufa, e até lhe dá um banho com champô anti-pulgas - parte do seu mau feito era, afinal, comichão crónica. A rosa morre depressa, como é normal para uma rosa que não é de plástico e o Monstro pode até não se voltar a tornar príncipe, mas aprende a sentar-se, rebolar, fazer-se de morto, e outras pequenas coisas que o tornam mais acomodado à condição de ser peludo e lhe valem um biscoito de vez em quando. A Bela compra assim a sua gratidão e deixa de ser vítima, para se tornar a gestora oficial do palácio, organizando diversos eventos (festas de aniversário, casamento, jantares de empresa) que são um sucesso e trazem rendimento aceitável para sustentar o modo devida luxuoso que levam. Casa com o Gastón que não tendo também o melhor feitio do mundo, é um homem à séria, que a aquece à noite, e por entre os defeitos dos dois (ela meio intelectualóide, ele meio egocêntrico) arranjam um lugar comum para o amor. Ele tira um curso de fotografia e entra no negócio dos eventos. O pai da Bela continua a viver do subsídio por invalidez (ai aquele problema mental) e nunca chega a mudar-se para o palácio porque o Gastón não vai muito à bola com o sogro e vice-versa. E viveram às vezes mais felizes e outras menos para sempre.

 

 

 

 

 

Sigam-me no Instagram @mariadaspalavras, no Youtube aqui e no Facebook aqui.

Seguir no SAPO

foto do autor

Passatempos

Ativos

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

O meu mai'novo

Escrevo pr'áqui







blogging.pt

Recomendado pela Zankyou

Blogs Portugal

Arquivo

  1. 2023
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2022
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2021
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2020
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2019
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2018
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2017
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2016
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2015
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2014
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D