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A ver um episódio de Friends (coisinha gravada há mais de VINTE E CINCO ANOS).
Moço: Faz-me confusão o sofá estar focado e ela estar desfocada.
Maria: Faz como eu, tira os óculos. Assim fica tudo igualmente desfocado.
[Não, não vai acontecer. Este trailer é editado com clips de outros projetos destes atores por outra fã incondicional da série. E eu que ando a rever a série - outra vez, obrigada Netflix - com a desculpa que o Moço não tinha visto as primeiras temporadas, deixei-me enganar por dois segundos.]
Momento de fazer doer a barriga a rir
Cenas dos Friends que fazem rir até doer a barriga? O Joey a aprender a falar francês para uma audição.
De nada.
O moço nunca tinha visto a série e eu não perdi essa oportunidade para a rever - agora com ele.
Sabem aquela parte logo no início da música do genérico que faz tcha tcha tcha tcha (mas em clap)? [Hey, eu avisei que era só para fãs.]
Nessa parte é incontrolável o impulso de batermos em algo ao mesmo ritmo. Ou em alguém.
Conclusão: a ver Friends com o moço ao lado...transformo-me em vítima de violência doméstica.
Nunca vos falei disto, mas tenho um problema com gelados. Assim ao nível "Olá, eu sou a Maria e não emborco um gelado há 24 horas." e as vozes "Oláaaa Mariaaaaa".
Pois bem, ontem foi um Domingo preguiçoso. O calor amoleceu-me e só me apetecia sofá. O rapaz lá me arrancou de casa sob a promessa de um Waffle com Gelado. O plano era ir ao Me&You, na Expo, onde há um maravilhoso waffle com cobertura de chocolate branco, mas ao Domingo o espaço encerra, como confirmámos online. Portanto, decidimos experimentar a Artisani. Dirigimo-nos à do Campo Pequeno. Babei um pouco para a vitrine, escolhi os sabores e pedi.
- Não há waffles desculpe, só temos a máquina de crepes.
Pequena síncope. Não faz mal. Visitamos a Artisani das Docas, que até se deve estar bem a comer gelado à beira-rio.
Chegamos e os meus olhos percorreram a bancada ansiosos até verem que sim, havia máquina de waffles.
- Era um waffle com...
- A máquina de waffles não está a funcionar, avariou.
O meu rapaz afastou a mulher que estava a espumar de raiva junto ao balcão (era eu) e saímos dali. Mãos vazias mais uma vez. Sabe Deus como me ficou a apetecer provar uma bola de gelado de Salame de Chocolate. Isso e atirar-me ao rio.
Pois é aqui que começa o meu momento Ross Geller. Sabem aquele episódio de Friends em que ele chega ao pé dos amigos muito desgostoso porque lhe comeram a sanduíche? Porque naquele momento, depois de dois divórcios e ter perdido a casa, aquela sanduíche era a única coisa boa da vida dele?
Decidi: o mundo estava contra mim e eu não devia era ter saído de casa. Outro gelado não bastava. Eu queria um gelado acondicionado com a ternura do waffle e toda a gente só me oferecia crepes.
Vamos para casa.
E ele, paciente, pega no carro e conduz-me para casa, como eu tinha pedido. Ou não. Dirige-se ao Chiado.
Porque no Chiado está a Haagen-Dazs, minha favorita do mundo e que até vende waffles.
E eu, toda num sorriso de menina, pego-lhe na mão e guio-o até à entrada da gelataria.
Qual gelataria? Tenho a certeza que a Haagen-dazs era aqui!
Não sei se fechou, se se mudou. Sei que estava pronta para me prostar de joelhos naquela rua do Chiado. O Universo a conspirar contra mim, para eu aprender a não ter desejos.
A pesquisa no Google tinha dito que ali mesmo ao pé, Rua Garret, a Amorino tinha waffles. E eu, que sempre tinha preferido os sorvetes frutados do Santini (mais abaixo) ou os caramelos da Haagen-dazs (mais acima), entrei pela primeira vez naquela gelataria. Para me deliciar com um magnífico waffle, com Straciatella e Specullos (bolacha com canela), regado com caramelo e açúcar em pó. O sacana do waffle é bom, mas bom, assim para o estaladiço, o gelado é cremoso que só ele, e o caramelo de chorar. Tudo por 4,5€ - eu que percebo de preçários de gelados, acho que é escandalosamente barato (falamos de Lisboa e de uma gelataria conceituada!).
Avé, Amorino! Vou voltar.
E o meu rapaz...bem, um dia caso-me com ele.
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