Vou começar por dizer duas coisas. Game of Thrones é uma série épica que desde a primeira temporada se revelou a melhor a que alguma vez tinha assistido. E. Espero que nos próximos dois episódios, os que faltam para terminar a temporada e a série, eu seja obrigada a trincar a língua por este post. Um último aviso: parem agora se não querem spoilers.
Já não é desta temporada. GOT perdeu a sua personalidade. Perdeu a sua característica mais própria que era a de nos surpreender. Só nesta série um protagonista ainda no pico da sua popularidade, na primeira temporada, morreria. Era a série sem medo. Era baseada nos livros.
A determinado momento, perdeu-se. Já não sei em que temporada foi, mas sei que os dois momentos em que senti isto acontecer com mais força foram quando a Arya quase morre, mas afinal não, e quando o Jon morre, mas afinal não.
Porquê? Porque as pessoas gostavam deles. E assim, num ápice, a série tornou-se numa caça-likes que queria agradar ao público (e ao fazê-lo, desagradou ao seu verdadeiro público). GOT tornou-se a miúda que vive dos likes no Instagram e portanto tira as fotos como mandam as regras: sorrisos dão mais likes, casalinhos dão mais likes (e de repente é o Casados à Primeira Vista), cãezinhos dão mais likes (com poucos frames inseridos à bofetada em cada episódio), monocromático dá mais likes.
Eu vejo a série sem tremeliques, hoje em dia, porque sei que o anão pode estar em frente à irmã com um exército e ninguém vai morrer (ah, a personagem secundária fica sem cabeça, ok). Sei que pode vir o Sir Bronn com uma besta e vejo a cena com a calma de quem vê uma cena na manicure. Ninguém vai morrer. Mais dragão, menos dragão. O favorito das pessoas chegará ao trono, certamente.
GOT tornou-se numa daquelas miúdas do Instagram que a pessoa não quer deixar de seguir porque sempre seguiu, mas sabe perfeitamente que todas as fotos seguintes serão pitch perfect. Terão o atrevimento de os por a ser felizes para sempre?
Em tempos, fui a Londres, e trouxe ao Moço duas figurinhas de Game of Thrones de uma loja muito catita para nerds que há nas cavalariças do Camden Market. Ele adorou e ao mesmo tempo chorou. É que aquilo vem em embalagens fechadas, a personagem que calha é surpresa e calhou-lhe um irmão da night's watch e um selvagem, mas nenhum dos bonequitos era o Jon Snow. Não percebo por que raio o Jon Snow dos olhos de peixe pescado ontem é a personagem favorita do Moço em particular e da humanidade em geral. No entanto, vivo para fazer o Moço feliz. Portanto encontrei a figura da personagem no eBay e mandei vir o gaiato de preto há uns tempos, mas ainda não lho tinha mostrado. Esta semana, como ia estar uns dias fora, deixei-lha na prateleira, ao pé dos outros, para que reparasse nela. Uma surpresa e uma micro-companhia inanimada.
E perguntam vocês: mas, Maria, se gostas assim tão pouco da personagem, porque é que arranjaste um, mesmo que pequenino, para a estante da tua sala? E eu respondo. É que na série e nos livros manda o George R.R. Martin. Já na minha casa, quem dita o desfecho da personagem sou eu.
Alguém me disse que o template novo do blog o tornava demasiado feminino. Vamos ver se fotos da sexiest woman alive 2015 (e minha candidata favorita ou trono*) são capazes de equilibrar as coisas. Será que resulta?
Se eu vir hoje o Game of Thrones sem o Moço (que está a trabalhar) isso é considerado traição? Tipo: dá divórcio com justa causa e essas coisas todas? Dá-lhe direito a afinfar numa loura tesuda? Ajudem-me lá...
A família tem um cãozinho novo, lá na terra. Um cachorrinho para lá de adorável que não vem tomar o lugar do outro, mas vem apaziguar a dor de o termos perdido. Um salsicha, imagine-se. Que já tinha o nome escolhido, mesmo antes de o vermos, porque era um epíteto guardado há muito - e não vos digo qual para preservar a identidade canina do bicho, que muitos terão a tentação de perseguir, tal é o grau de fofura congénita..
O cão foi dado por uns amigos do meu pai. No dia da primeira ida ao veterinário a minha irmã vem de lá chocada e diz-me ao telefone:
- Não fazia ideia, mas o cão é fruto de incesto. Se soubesse tinha-lhe chamado Lannister.