Eu podia culpar a idade. Dizer: ah, para mim as discotecas já tiveram o seu tempo... Seria mentira. A verdade é mais parecida com isto: lá vai o tempo em que aturava fretes e às vezes ia a discotecas para acompanhar o pessoal (que felizmente também já acalmou essa febre). Não quer dizer que não me conseguisse divertir, mas nunca consegui integrar-me naquele ambiente e sempre preferi um barzinho com a música mais baixa, um concerto (sentada), um restaurante, um passeio, um bom serão em casa...E na verdade o que eu prefiro mesmo é fazer tudo isso durante o dia e dormir à noite...mas isso são outros quinhentos.
Passemos em revista as caraterísticas das disconhecas discotecas que me fazem alergias:
O horário vampiresco
Não é só que abram de noite. É que as pistas de dança já abrem de madrugada. Quando eu estou ali mesmo em ponto rebuçado para o sétimo sono, vamos abanar o capacete. Nunca percebi porque é que só é socialmente aceitável dançar a partir das duas da manhã, mas isso talvez seja porque não bebo. O que me leva ao próximo ponto.
Lubrificante social obrigatório
Tens de beber! Prova lá! #sóquenão Se eu quisesse beber, poupava o desgosto de não gostar de vinho tinto ao meu pai e acompanhava-o com meio copo à refeição de Domingo. Não bebo alcoól, mas se o fizesse dificilmente escolheria um sítio cheio de estranhos desorientados a enfiar mãos em tudo o que lhes aparece à frente para o fazer. Também nunca precisei dele para me divertir - e sim, acabava por me divertir nas idas às discotecas, senão não valeria a pena por lá os pés, por mais que preferisse estar a fazer outras mil coisas (e a primeira da lista seria: dormir).
Sozinho ou acompanhado? Tanto faz. Não vais conseguir conversar com ninguém mesmo...E eu nunca gostei de excursões à casa-de-banho (ahahaha, como se fosse usar uma casa de banho pública, e logo de uma discoteca). A única vantagem de ir com um grupo grande é se as outras forem horrendas e sobressaíres ou dançarem como fusos e os teus passos do século passado não parecerem tão mal. Só que mesmo aí há outro probleminha...
O engate discotequeiro
Diz muito sobre alguém que queira arranjar o seu príncipe encantado (ou mesmo a sua one night stand) neste ambiente enfumarado e barulhento. A receita perfeita para uma manhã onde a primeira frase é "mas o que é que eu fui fazer? (literalmente). A grande vantagem é que não precisas tentar adivinhar como é o físico daquela pessoa, porque se seguir o código da discoteca já está quase sem roupa. Portanto quase consegues perceber como a pessoa é no fato em que veio ao mundo. Isto se não pensares nos saltos altos, soutiens e calças push up, extensões de unhas e pestanas e cabelo, maquilhagem de cal...ok, esqueçam.
De forma que esta coisa das discotecas pop up de verão onde o mexilhão se pela para entrar (pelo tempo de tirar uma selfie pelo menos) merece da minha parte um revirar de olhos mais repenicado ainda. É que já não bastava isto tudo...ainda querem pôr AREIA à mistura? Não me lixem...
Está bem, não fui a unica, é um exagero - tenho tendência para isso, não tenho? Mas bem sei que há muito boa gente que já em Dezembro começa a suspirar pela praia (aquela altura em que estamos a congelar e começam a aparecer fotos de presuntinhos desnudos na praia na timeline do Facebook) e que em Fevereiro, quando aparecem os primeiros raios de Sol frio, já estão a estender a toalha com os miúdos a reboque (a tremer que nem varas verdes).
Ora eu, que sempre tive a praia à distância de um braço (mais exagero, menos exagero) nunca tive grandes ânsias de pôr pés na areia (na verdade a areia chateia-me em quantidades industriais e o meu sonho são praias relvadas). Também não tenho parcerias milionárias com linhas de fatos de banho que me motivem a ir desfilá-los, já para não dizer que bronze na minha pele é mentira (olá lagosta!), e por isso assim que começam os dias de calor e mesmo depois do romper do Verão, não é a praia o meu primeiro pensamento.
Gosto de passeio, gosto de roupas frescas (aliás, tenho uma tolerância muito maior ao calor que ao frio), gosto de Ginger Ale com gelo e limão, churrascadas e gosto de ir à praia algumas vezes, mas não sou daquele tipo de pessoas (chama-se humanidade?) que aproveita todos os dias livres que tem para se estender na areia e organiza a sua agenda em torno da praia.
Depois o estar na praia horas a fio também me chateia. Eu sou menina para tomar uma boa banhoca, dar um passeio à beira-mar e passar um par de horas a ler numa cadeirinha de pano (como os velhos) com um gelado na outra mão. Depois disto canso-me e acho o meu sofá mais confortável que a cadeira, começo a refilar por já ter areia por todo o lado, inclusivamente zonas do corpo que não conhecia e quero tomar um banhinho de água doce e ir à minha vida.
Se sou uma resmungona com mau feitio? Um bocadinho. Mas no fundo, no fundo, lá naqueles bocadinhos onde a areia chega, até sou boa pessoa. Ponham-me lá num terraço de um hotel de 5* com uma piscina de infinito, a abanicar-me numa espreguiçadeira, a ver se eu me queixo.