Todos sabemos que as pessoas de idade adoram ganhar na modalidade doenças. E a senhora que hoje observei do meu pouso no café, onde tomava uma meia de leite, leva o ouro.
Ela sentou-se na mesa ao lado de uma outra mesa onde estava uma outra velhota. Essa outra está cabisbaixa, murmura um bom dia. Diz a senhora que chegou:
- Não está nos seus dias, pois não?
A outra acena que não, mas não quer fazer conversa. Então a que chegou levanta-se e inclina-se para a outra, e aponta enquanto diz:
- Eu estou que nem tenho força para me levantar! Está a ouvir?
Quando alguém lamenta as medalhas que não estamos a ganhar e diz que é normal, porque afinal "estamos a competir com os melhores do mundo", por mais bem intencionado que seja, está a insultar e não a elogiar. Está a fazer de nós, portugueses, aquilo que depois acabamos por ser mesmo, de tal forma está cosida a ideia à nossa pele: somos pequeninos.
Os nossos atletas não competem com os melhores do mundo. Estão lá, no Rio de Janeiro, porque são também os melhores do mundo. E por mais que nos orgulhemos deles só pelo sangue, suor e lágrimas que vertem (eu tenho de me orgulhar já que sou um ser amorfo que apenas move de forma significativa os olhos e os dedos), podemos pedir-lhes medalhas. Porque sabemos que eles são capazes.