Como as coisas mudam...
Queria mesmo ter recebido meias neste Natal.
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Queria mesmo ter recebido meias neste Natal.
...e um blog honesto ainda por cima (!) tem destas coisas. Ia escrever um post confirmando que não me apoquenta receber meias no Natal. E não é que já o tinha escrito?
Nem um par de meias.
Como disse, não me importo de receber meias no Natal.
As meias têm muito má fama no Natal. São tidas como aquele presente de vão de escada que ninguém quer e toda a gente recebe.
Eu não sei quantos à saúde dos vossos pezinhos, mas cá por casa (leiam com calma não sei se estão preparados para saber isto)...usam-se meias.
Verdade.
Mais: nesta altura usam-se meias numa base diária. E, muito embora, tentemos cortar as unhas pelo menos uma vez por ano, ou de dois em dois, com o serrote do meu tio: as meias também se rompem de gastas.
E eu que me assumo que já recebi muita prenda que não queria ao longo da vida, posso dizer que a desilusão nunca foram meias. Já recebi álbuns de fotos que não me servem para nada na era digital, CD's de bandas que me passam ao lado e roupinha feia, por exemplo.
Uma meia pelo menos é aquela peça segura. Quão feia pode ser uma meia? No máximo é a meioca branca ou tem um cartoon que não é da nossa preferência. Mas para arrumar debaixo das botas serve que é um mimo. É muito difícil errar.
Por isso eu digo: abaixo o desdém contra a meia. A meia é melhor que um naperon com cisnes. A meia é melhor que uma enciclopédia. A meia é melhor que os Mon Cherry que nunca gostei.
A meia é a prenda de quem mostra que te conhece: sabe que tens pés.
#usomeias
Lembro-me de ir brincar para casa do primo (um deles, tenho uma catrefada, só a contar os direitos). A casa dele era grande, com muitas divisões vazias e no andar de cima estávamos praticamente sozinhos, podíamos fazer barulho à vontade (mas não fazíamos porque o silêncio era demais para quebrar).
Sei o que gostava mais e o que gostava menos destas visitas. Mais: era o sítio onde podia jogar consolas. Ele tinha uma Dreamcast e deixava-me jogar Sonic. O máximo que eu consegui alguma vez extorquir aos meus pais foi um GameBoy, pelo que a casa do primo-rapaz tinha logo ali um encanto. Menos: tinha de me descalçar para entrar no quarto. Nessa altura era só o quarto do primo, que tinha alcatifa. Hoje virou moda, em qualquer tipo de chão.
Há quem diga que é má-educação entrar na casa dos outros levando a sujidade da rua. Eu digo que obrigar as visitas a fica em pé-pelado está mais ou menos no mesmo patamar. Afinal os tapetes de entrada foram feitos para alguma coisa. Além disso, ir àquela casa passa a ser como uma ida à natação, mas em vez de te depilares, tens de lavar os pés na hora antes e coser as meias. Pronto, estou a exagerar, por norma as pessoas têm os pés lavados (menos norma do que deveria ser) e calçam meias sem buracos. Mas há quem seja capaz de criar queijo roquefort em menos de meia hora de sapato fechado - depois se as plantas morrerem lá em casa não culpem os convidados.
Mas, no mínimo dos mínimos, se querem impor esta regra lá em casa, certifiquem-se que têm chinelos para dar aos convidados. Se eu não posso sujar a casa com o meu sapatinho fofo, também não me apetece lavar o chão com as minhas meias claras. Era isto.
Eu juro que o Moço corta as unhas dos pés. Mas ultimamente faz um buraquinho à frente do polegar em todas as meias que calça. Um dia, um par de meias nos pés, um par de meias no lixo. Assim sendo, estou a isto (gesto que une o polegar do indicador) de criar uma campanha de solidariedade em parceria com uma Calzedonia da vida, criar um apartado e aceitar donativos para vestir de forma digna os chispes do rapaz.
É que amanhã, em plena véspera de Natal, ele é capaz de ser o único homem à face da terra que deseja receber pares de meias. Muitos. Talvez 365, para ser mais precisa - e vá que não é ano bissexto.
Tudo modelitos Joy of Socks.
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