Parece que chegou ao pedaço a nova marca de maquilhagem e afins do grupo Boticário (não li ou vi bem ainda o que é, mas penso que é isto) que faz um grande sucesso no Brasil e tem por nome toda uma frase "Quem disse, Berenice?". Pronto, faz-me um bocadinho de impressão se uma pessoa quiser ir lá ter de dizer "Queres ir comigo ali ver a Quem disse, Berenice?". Se a pessoa não tiver já ouvido falar da loja pensa que eu estou a resvalar para a senilidade aos trinta.
Se gostam mesmo do conceito da frase, a minha sugestão é que mantenham, sim senhor, a forma, mas ao menos tornem o nome mais local, mais tuga, porque Berenices por cá (acho) que não há. Deixo algumas sugestões, tendo em conta a área de negócio e tudo:
Estava aqui a tentar perceber quem deveria contactar numa determinada empresa a propósito de um determinado assunto, quando me apercebo que é virtualmente impossível. Não faço ideia do que ninguém faz apesar de os cargos estarem todos visíveis e a culpa é desta nova mania de criar nomes de profissões. As empresas deixaram de promover os colaboradores, passaram só a promover o nome do cargo que desempenham. Sempre se poupa. Menos dinheiro, mais palavras a descrever a função. Normalmente também usam o inglês e acrescentam-lhe ares de importância.
Assim, uma secretária é agora uma Desk & Office Manager.
Um psicólogo em território nacional é um Local Insight Specialist.
A senhora na caixa do supermercado é uma Shopping Expert & Advisor. Claro que se aceitar talões de oferta passa a aumular o cargo de Campaign Executive.
O rapaz que dá apoio na área de computadores da Worten é um Digital Coordinator.
E agora, a quem me dirijo para colocar a minha dúvida naquilo que costumava ser o Apoio ao Cliente? Ao Clients' Feelings Center Supervisor ou ao Global Director of Questions?
Nota: Alguns ou todos os nomes de cargos deste texto podem ter sido inventados para efeito exemplificativo dramático da problemática em discussão.
Uma pessoa chamada Maria da Luz não devia precisar da EDP, a sogra chamada Esperança tem mesmo de ser a última a morrer (azar se for sogra), um homem de sobrenome Branquinho não deve passar muito tempo na praia e uma bebé a quem chamam Serena deve dormir dez horas seguidas, no mínimo, e evitar chorar no restante tempo. Se é Salvador é bom que tenha tiques de herói, se é Constança não pode estar sempre a mudar de ideias e uma Rosa tem de cheirar sempre bem, embora possa magoar as pessoas de quando em vez. Uma Linda deve cuidar da sua pele mais que as outras e, se necessário, recorrer ao cirurgião, enquanto um Domingos deve aproveitar ao máximo o seu fim de semana.
Não, não sou dada ao simbolismo dos nomes. É que hoje vou ficar alojada num sítio chamado Mercearia da Alegria. E espero que respeitem a promessa!