Vou fingir que não mudou nada. Está muito calor e é um daqueles dias despreocupados. Ele leva-me pela mão, mas sou eu que o puxo, sou sempre eu que o puxo no meu passo acelerado. Dir-se-ia que não aprecio a viagem - e é mentira. O meu passo é acelerado a tentar acompanhar a vida. Fazer tudo, viver tudo, sentir tudo, antes que o tempo se esgote.
Pico do Verão e nada para fazer. Manhãs preguiçosas, tardes agitadas, noites para sonhar. Sumos de laranja ao pequeno-almoço, gelados à tarde, noites sem casaquinho de malha.
O amor tem - como cada ano (e algumas pizzas) - quatro estações. Verões, Primaveras, Outonos e Invernos que se sucedem, muito embora desordenados e sem a duração certa de três meses de calendário cada.
Verões de paixão tórrida e calor suado que nos desorientam e acendem inteiros dos pés em pontas aos fios de cabelo revolto.
Primaveras de sentimentos arejados e serenos, como nas imagens dos bancos de jardim, quando nos sentamos num colo ameno a fazer planos do futuro, quais andorinhas - com mãos para dar, mas também asas.
Outonos onde é preciso apertar o casaco guardado no fundo do armário, tratar das coisas mais práticas, dar lugar ao companheirismo pragmático, saber que as árvores mudam de cor e as folhas caem, como nós tropeçamos.
Invernos áridos de silêncios e palavras que ou não são ditas ou são gritadas, lágrimas de chuva, vendavais, frios interiores que o cobertor elétrico não resolve.
Às vezes, como me dizem que acontece nos Açores, um dia de amor pode ter as quatro estações. E nunca pode o amor viver sem as quatro, a seu tempo. Aconselho então que se agasalhem para evitar a espereza dos inevitáveis Invernos, para os tornarem tão curtos e suportáveis quanto possível. Assim, as estações quentes serão muito mais longas e prósperas.
Há cores e peças indispensáveis no meu Outono: o vestido básico que muda a ocasião consoante os acessórios, o casaquito que anda sempre atrás (portátil o suficiente para não ser obrigada a vesti-lo para não andar com ele na mão, mas de malhinha para me safar se me tiver vestido demasiado à fresca), as botas giras mas confortáveis que me apetece calçar sempre e a mala bora-lá-que-estás-sempre-pronta-com-o-essencial. Os meus básicos meia-estação são sempre entre o cinzento-a-preto e o bege-a-castanho para darem com tudo e além de se combinarem entre si, em 90% das vezes poderem ser combinados com todas as outras peças mais coloridas do armário.
Não tenho de as substituir todas neste Outono, mas andei a pesquisar pelas minhas lojas favoritas (online, que tenho pouca paciência para me perder nas outras) e compus st>o meu quatro aspiracional: