Não fui eu que disse, foi o Rui - um estimado comentador do meu post sobre casamentos.
Assim, sem me preparar, sem me pedir para sentar, sem saber se eu tinha um familiar a quem pudesse ligar caso me sentisse mal e tivesse de ser hospitalizada. Escreve ele:
"Os homens não se apaixonam."
Felizmente, eu sei que isso é mentira. Não é porque tenho um homem fantástico que mo garante (e ele é péssimo a mentir, cato-o em dois tempos e meio, não chega a três). É porque ele mo demonstra de tantas maneiras possíveis e impossíveis, mesmo sem querer, sem se aperceber, sem fazer por isso.
Não quer dizer que toda a gente se apaixone. Que se encontre no momento certo com a pessoa certa. Penso que toda a gente tenha essa capacidade, mas também não posso jurar. Não será, no entanto, coisa que se segmente em género, idade ou credo.
O Rui ainda não se apaixonou, isso é certo. E eu desejo-lhe fervorosamente essa sorte.
Alguém aqui concorda com o Rui? O que é para vocês uma prova de amor, se não o são as palavras, que de facto são parcas? E se fosse verdade, porque é que os homens se continuariam a meter em relações? Só pelo sexo ocasional? Companheirismo a certo ponto?
Update: Parece que confundi amor e paixão e era só desta última que o Rui falava. Também acho que são coisas diferentes, mas acredito que se complementam. Acho que pode haver paixão sem amor, mas não pode haver amor sem paixão - ou não deve, mesmo que apenas em algumas fases da relação. E aí não acho que seja exlusivo feminino de qualquer forma, muito embora sejamos mais dramáticas nos sentimentos (tem dias).
Não, não somos todos iguais. Mas em maior ou menor escala (e evidenciando a parte histérica que mora em nós e a parte descontraída que mora neles), é mais ou menos nestas três fases que nos apaixonamos. Tudo clichés. Tudo vergonhoso demais para admitir. Tudo "eu nãooooo".
1. O primeiro impacto e a gestão irrealista de expetativas
OH MEU DEUS ELE É TÃO [riscar o que não interessa] GIROOOO/QUERIDOOOO. Será que foi desta que encontrei o homem da minha vida? Será que ele quer casar e ter filhos? Será que vai gostar dos meus pais? Calma, Maria. Calma. A sério. Calma.
2. A sobre-análise complementada com dúvida Acho que ele não gosta assim tanto de mim, por isso não me vou apegar. Ou gosta? Ele pôs um smile na mensagem acho que gosta. Mas ele disse "vou" em vez de "vamos" por isso se calhar não gosta. Mas ele inclinou a mão na minha direção, se calhar gosta. Mas vestiu uma camisola verde e eu disse-lhe que não gostava de amarelo e verde é amarelo com azul, por isso se calhar não gosta. Mas porque é que ele não me chama namorada? Se calhar também não gosto dele. Ah, gosto, gosto. Não. É melhor não me apaixonar por ele. Aiiii.
3. A certeza Não me partas o coração. Não me partas o coração. Não me partas o coração. Não me partas o coração. [ad infinitum]
1. Interesse e honestidade mórbida Gostosa, inteligente, divertida [o que for aplicável]. Ai, comia, comia. Só espero que não comece já a querer compromissos que não sei no que isto vai dar. Vou ser honesto com ela e dizer-lhe que para já é só assim, não estou à procura de nada sério, e depois logo se vê no que vai dar.
2. Ligação imprevista Vou ligar-lhe a dizer que amanhã tenho treino para ela saber que não vou estar atento ao telemóvel. Se calhar é dar satisafações a mais. E também não tenho de atender sempre ou responder logo. O que é que ela tem a ver com isso? Vou só ligar a dizer boa noite e a ver se amanhã nos encontramos. "Olá Maria! Olha, daqui a pouco vou ao treino, mas amanhã queres ir beber um café?...".
3. Reconhecimento: apogeu e queda [a olhar para o espelho e a suspirar por ela, não (só) pelo seu par de mamas, numa terça-feira comum] Pronto, já foste...