Vou começar por dizer duas coisas. Game of Thrones é uma série épica que desde a primeira temporada se revelou a melhor a que alguma vez tinha assistido. E. Espero que nos próximos dois episódios, os que faltam para terminar a temporada e a série, eu seja obrigada a trincar a língua por este post. Um último aviso: parem agora se não querem spoilers.
Já não é desta temporada. GOT perdeu a sua personalidade. Perdeu a sua característica mais própria que era a de nos surpreender. Só nesta série um protagonista ainda no pico da sua popularidade, na primeira temporada, morreria. Era a série sem medo. Era baseada nos livros.
A determinado momento, perdeu-se. Já não sei em que temporada foi, mas sei que os dois momentos em que senti isto acontecer com mais força foram quando a Arya quase morre, mas afinal não, e quando o Jon morre, mas afinal não.
Porquê? Porque as pessoas gostavam deles. E assim, num ápice, a série tornou-se numa caça-likes que queria agradar ao público (e ao fazê-lo, desagradou ao seu verdadeiro público). GOT tornou-se a miúda que vive dos likes no Instagram e portanto tira as fotos como mandam as regras: sorrisos dão mais likes, casalinhos dão mais likes (e de repente é o Casados à Primeira Vista), cãezinhos dão mais likes (com poucos frames inseridos à bofetada em cada episódio), monocromático dá mais likes.
Eu vejo a série sem tremeliques, hoje em dia, porque sei que o anão pode estar em frente à irmã com um exército e ninguém vai morrer (ah, a personagem secundária fica sem cabeça, ok). Sei que pode vir o Sir Bronn com uma besta e vejo a cena com a calma de quem vê uma cena na manicure. Ninguém vai morrer. Mais dragão, menos dragão. O favorito das pessoas chegará ao trono, certamente.
GOT tornou-se numa daquelas miúdas do Instagram que a pessoa não quer deixar de seguir porque sempre seguiu, mas sabe perfeitamente que todas as fotos seguintes serão pitch perfect. Terão o atrevimento de os por a ser felizes para sempre?
Rufem os tambores. As recomendações que vão mudar a vossa vida estão...noutro lado, provavelmente. Mas estas são as minhas e são partilhas de coração. Quatro categorias, selecionadas a meu bel-prazer, onde o único critério de entrada é: chateei toda a gente que conheço para experimentar isto e agora é a vossa vez.
A série: Big little lies
Entrou nos favoritos de Março por um triz, visto que ia escorregando para Abril. Comecei esta série do HBO no Sábado e acabei...no Sábado. Eu sei, shame on me, que passei seis horas seguidinhas do meu dia agarrada à televisão. Vocês chamam-lhe preguiça, eu chamo-lhe um figo. Li o livro no ano passado e adorei - a Liane Moriarty foi a minha autora favorita de 2018, como talvez se lembrem (a cábula dos três que li aqui). A série tem algumas diferenças para o livro, mas a essência é a mesma e o elenco de luxo torna-a imperdível. Sete episódios: vá lá pessoal, dêem bom uso ao mês grátis de HBO, já que vão pôr em Abril para ver Game of Thrones.
A cidade: Dinant
Para os mais distraídos, fui á Bélgica num fim-de-semana prolongado em Fevereiro (porque o prolonguei, não porque ele tenha nascido assim). Já prometi que escrevo o roteiro em breve - foram 4 dias, 5 cidades - mas a surpresa foi Dinant. Não sei se gostei mais de Dinant ou de Bruges, mas sei que já era suposto gostar de Bruges e de Dinant não me tinham falado. Eita cidadezinha linda.
O restaurante: Treestory
Ah, quem não adora comida de Geórgia? Muita gente. Mas só porque não conhece. Passei só um dia do mês em Lisboa (nem 24 horas chegaram a ser) mas chegaram para a descoberta gastronómica do mês: o Treestory. Não vale a pena lerem o menu que pouco vão perceber e as mocinhas também não falam o português mais claro do mundo (espaço para me engasgar quando disseram que o prato para provar todas as sobremesas eram 150€, mas afinal eram 15€). Até os meus sogros foram a torcer o nariz e voltaram de bandulho cheio. Vão e peçam ajuda para provar um pouco de cada coisa (ou peçam pelas fotos do Instagram - a que deixo aqui em baixo foi a que me convenceu a ir experimentar o restaurante e arrastar 8 pessoas comigo. E foi o petisco favorito de todos).
Não o li, ouvi-o no Audible, contado pelo próprio (na versão original: Born a Crime"). Estava na minha lista de desejados há muito tempo e sabia que era uma auto-biografia do comediante que apresenta o The Daily Show que é jeitoso e tem uma pronúncia engraçada. Tendo em conta que cresceu na África do Sul, não esperava um relato de conto de fadas. Tendo em conta que o conheço como apresentador de um conceituado programa norte-americano, não esperava metade do que aconteceu. Só lido. Contado não tem graça - só se for pelo Trevor. Não é comédia. É a vida real como não a conhecemos.
Como boa blogger do contra, venho iniciar esta rubrica mensal relativa a Fevereiro, em vez de Janeiro. Também lhe chamo Descobertas apesar de ser claramente um clássico Favoritos, para parecer que é outra coisa (vá até é, só vou mencionar coisas novas). As categorias são fluídas e variam de acordo com a minha real vontade - e com o que fiz ou deixei de fazer nas semanas que passaram. Isto porque muitas vezes partilho "isto e aquilo" de que gostei muito no Instagram e como vocês são pessoas feias não me seguem lá e não ficam a saber delas. Assim, ao menos ficam a saber da nata da nata. Ora vamos lá.
A guloseima: Caramelitas
Ando a falar da The Apple Factory há meses, desde que me cruzei com um vídeo simplesmente pornográfico de uma maçã a ser mergulhada num tacho de caramelo.
De maneira que podia jurar que o Moço me ia dar uma maçã no Dia dos Namorados. Só que não. Deu-me um livro que é um vício mais saudável e que também faz bem à alma. Mas ficou a faltar açúcar, né gente? Por isso no Sábado seguinte fomos ao Mercado Manuel Firmino buscar Apples e Caramelitas para eu provar. As apples são muito boas (e há várias combinações ainda por provar), mas eu como amante de caramelo perdi-me de amores pelas caramelitas.
Respondo já ao que muita gente me perguntou no Instagram: ela aceita encomendas e apesar de ter pontos de entrega fixos e móveis normalmente em Aveiro e Porto, faz envios para todo o país. Contactem pela página de Instagram ou no Whatsapp (966254765) que ela responde rapidamente e digam que vão daqui para ver se eu ganho uma destas:
É só um bocadinho de batota, porque em boa verdade conheci-o a 30 de Janeiro, mas comi tanto que acho que em Fevereiro ainda estava a digerir a vitela de comer à colher e o feijão com alheira. Fica em Vila Nova de Gaia, ao pé de nada que eu conheça em particular e jamais lá chegaria se não fosse o TripAdvisor. Também posso recomendar o bacalhau à Zé do Pipo (#purélover). Dão-vos um miminho à chegada (Porto branco com água tónica) que me dizem que é muito bom, só que aqui a abstémia não merece o chão que pisa.
A série: Homeland
Sim, a série é antiga, mas para mim é nova e este blog é sobre...mim! Sempre esteve na minha lista de "as pessoas recomendam e um dia hei-de ver", onde ainda estão Breaking Bad ou House of Cards, entre outras. Foi desta: play. Temos visto episódio atrás de episódio, temporada atrás de temporada.
E não há melhor declaração de interesse do que esta: quando estamos a ver e me começa a dar o sono, peço para desligar ainda antes de fechar os olhos. Entendem agora? Está no Netflix, corram.
O passeio: Serralves
Fiquei louca de tristeza com o meu corte de cabelo e podia jurar que não queria sair de casa. Mas já tínhamos combinado ir ver a exposição de Miró a Serralves no primeiro Domingo do mês, que é grátis (de manhã!). Arrumei a vergonha na baínha do vestido e fomos. E foi perfeito. Não tanto a exposição, mas o passeio pelos jardins, incluindo, a zona dos animais e das ervas aromáticas, onde nunca tinha estado.
Comecei a ver quase sem querer. Creio que num serão em que tinha muito para fazer, mas uma dor-de-cabeça que abolia qualquer chance de ser produtiva. Estava na lista de recomendações do Netflix por causa de outra série tola qualquer que eu também tivesse visto e lembrei-me de uma Youtuber brasileira, daquelas que nem é só fru-frus e maquilhagem, ter dito que era uma série imperdível.
Depressa cheguei à conclusão que era uma série tola. Pateta. Juvenil. Ridícula. Como as cartas de amor.
Os discursos elaborados de uma menina-patinho-feio-orfã com uma imaginação para lá de fértil, os seus pés-na-argola, a falta de uma personagem com quem me identificar. Tudo motivos para deixar de ver a série. A série que não parei de ver.
É que eu também sou ridícula. É que também somos todos ridículos. Corremos todos os dias em sequência achando-nos pessoas muito sérias, quando a capacidade de sonhar nos é inata, apenas afastada pela crença que ser adulto é outra coisa.
Tenho visto poucas séries, mas várias que gostei mais que esta: Bates Motel, Peaky Blinders,...no entanto nenhuma me levou a vir aqui querer escrever sobre ela. Porque nenhuma outra era assim: tola e inspiradora.
Foi o vício mais recente. Logo, tal como quando se trata da paixoneta mais recente, parece sempre a mais forte e dolorosa de todas e que nunca encontrarei outra que a substitua. Ainda tenho o coração em sangue.
2
O bom e o mau não têm os limites estanques que somos ensinados a crer. E a série diz-nos isso. Nem tudo o que obedece ao padrão pré-estabelecido é o lado certo da vida. E não, não estou a pensar assaltar um banco com este raciocínio. Neste caso o mau é tão bom que quero tatuar Berlin na coxa.
3
Acaba. Sim, é boa porque acaba. Porque não se arrasta por via do sucesso até ser uma série morta-viva (extamente como The Walking Dead) até testar os limites de paciência do espetador que ou desiste ou resiste estóicamente com a memória do que a série foi um dia.
4
É imperfeita. Sim, tem aqueles momentos em que dizemos "pfff...isto na vida real não seria assim, isto está mal feito". Mas o ser humano adooooooooora criticar. O facto da série nos permitir fazer isso dá bónus de má-língua.
5
Marca. Há músicas e imagens que não nasceram na série e a partir de agora vão sempre estar associadas à série para todos os que a viram e permitir aquelas inside jokes especiais.
Antes desistia de uma série que não gostasse quando não era conquistada nos primeiros três a seis episódios. Hoje, se não adormecer nos primeiros 3 a 6 minutos.
Só falta um dia para a segunda temporada da Casa de Papel entrar na Netflix. Não estou certa que não seja hoje que me rendo de vez e vou começar a segunda temporada num site pirata qualquer.
Vão às gravações automáticas da Sic Radical e desfilem episódios de Practical Jokers. Um grupo de quatro paspalhos amigos que se desafiam e pregam partidas uns aos outros. Eu acho vagamente divertido, ao género consigo desligar a mente da mesma forma que se estivesse a ver um mau episódio de Kardashians ou outro pedaço de trash TV. Mas o Moço fica com os níveis de serotonina ao máximo. Ri-se muito, de cada vez que respiram uns para cima dos outros, das partidas mais inteligentes aos desafios mais parvos.